15/10/2011

Bye bye Jobs



Já faz 11 dias que o Steve Jobs morreu, e eu não tinha comentado muito sobre o assunto ainda. Mas o fato de que depois de tanto tempo isso ainda gera tanto pano para a manga me fez resolver escrever sobre o assunto (até para manter o blog vivo, ainda que respirando por aparelhos).
.

Não, na verdade não é sobre a morte do Steve Jobs que eu quero falar. O que realmente me desperta o desejo de dar uma opinião são as pessoas escrotas (como sempre) que consideram o cara Deus ou que criticam quem acha o cara fera.
.

Também não vou perder tempo dando a biografia do cara: se está curioso(a), lê a Wikipedia. Basta saber que o cara foi um dos fundadores da Apple e basicamente criou a Pixar (após comprá-la da Lucasfilms, para quem não sabe ele não fundou a Pixar - mas sem dúvida fez dela o que é hoje), entre inúmeras outras coisas que fez. Ou seja: o cara é um dos responsáveis pelo MUNDO hoje ser do jeito que é, ponto. Sua influência é imensurável, tanto nos aspectos tecnológicos quanto culturais. Mimimis a parte, a moral da história é essa - se hoje você está lendo esse texto (que falta do que fazer, hein, meu? ;P ), agradeça ao Steve Jobs. Sim, entre outros caras, mas quê importa? Foi ele quem morreu (e quem vier falar do cara da linguagem C vai levar uma voadora na orelha! Sifudê).
.

Mas nenhum argumento me deixa mais irritado com a humanidade do que dois conceitos que ainda ouço freqüentemente: o argumento de que o cara era um santo, um homem perfeito e infalível e completamente altruísta e a famosa frase "Ah, ele não era tão genial e sim usava as pessoas, só fez por dinheiro, era um chefe cruel, grosso, estúpido, bobo feio chato e carademelão, não é modelo para ninguém".
.

Mas confesso que as primeiras me incomodam menos do que as segundas. Na verdade, não consigo levar a sério quem idolatra o Steve Jobs e ao mesmo tempo tenho plena consciência de que não sou ninguém para criticar e cada um tem o direito de ter o ídolo que quiser, é uma escolha puramente emocional. As pessoas têm até o direito de não pesquisar sobre seus ídolos e falar merda, achando que eles inventaram tudo que existe, da roda ao iPhone 4S. Não consigo não ser demasiado condescendente com esse povo, então nem vou falar tanto dessa parte - nem sei muito bem o que é esse negócio de ter ídolo, o mais perto que cheguei desse tipo de idolatria foi na adolescência com a Silvia Saint.
.


Acima: também não é deus (pena),

mas é muito melhor que um iPhone

.

Meus amigos e minhas amigas, vou falar algo bastante chocante e só falarei uma vez, então prestem atenção (ou não, e se for esse o caso releiam depois quantas vezes quiserem - ou precisarem - para entender direitinho): Steve Jobs fundou e presidiu uma EMPRESA, não uma RELIGIÃO (e sei que seus fãs mais exaltados - aka súditos, aka macfags - vão discordar disso, mas acreditem em mim, é um fato). Ele não fez o que fez para ser modelo para ninguém - e se virou modelo de algo, devia ser de motivação profissional ou modelo de visão de negócios e SÓ. Ele não reconheceu a filha (até aí, se você é brasileiro deve ser fã do Pelé e o cara tem mais processo de paternidade contra ele que o iPhone tem cópias e você continua achando o cara o melhor jogador de futebol do mundo da história), foi um grande filha da puta em vários aspectos. E ele queria sim ganhar dinheiro, e ganhou - muito, mas MUITO MESMO. Mas nos últimos anos trabalhou com salário anual de 1 (UM) dólar. Isso não faz dele um santo assim como ganhar dinheiro não faz dele o capeta. Ele era sim um chefe dificílimo de lidar, intransigente, grosso, mandão, controlador. Mas a porra da empresa era "dele". Trabalha lá quem quer (e não venham com papinho de "quem precisa", tem empresa bagaráleo no mundo, vai pra Apple quem quer), e ele sendo o chefe as coisas são do jeito dele e acabou. Foda-se! Qualquer dessas coisas tira o mérito do cara?
.

Negar a importância do Steve Jobs e criticar quem ficou chateado com sua morte é mais ou menos como tentar negar que Henry Ford foi responsável por revolucionar os meios de transporte. Sem ele o mundo também não seria como é. Ele não criou o automóvel em si, não era o maior gênio de seu tempo. A "única" coisa que fez foi criar uma maneira de baratear a produção - e portanto popularizar, e é essa a chave - e assim fazer com que o mundo fosse capaz de ter acesso a carros, hoje uma frota de aproximadamente 1 BILHÃO de carros. Sem ele, provavelmente carros ainda seriam tão caros que a frota seria algo próximo da de helicópteros, algo em torno de 100 MIL (civis) em operação no mundo. "Ah, alguém mais pensaria nisso" - quem garante? Olhar para trás hoje é muito fácil, mas naquela época ninguém teve a sacada que ele teve e não existe maneira alguma, sem soar como um absoluto idiota ignorante, de declarar com certeza absoluta que mais alguém pensaria no que ele pensou. Isso não existe, não dá para saber - de repente mais alguém teria pensado, de repente não. O que se sabe é o que aconteceu, e só. E, no caso em questão, o que aconteceu foi que Steve Jobs estava no centro da maior revolução tecnológica da história e criou o mundo que conhecemos hoje. Não sozinho, não foi o único, não foi "bonzinho" e não foi o maior gênio envolvido nisso, mas foi protagonista desse processo.
.

E você, o que tem feito ultimamente?

.

Nenhum comentário: