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06/05/2020

Chandler

*Flashback de 1986/87*

Meu pai jogava bola todo final de semana, religiosamente. E me levava junto, para que eu jogasse com a molecada, os outros filhos da turma da pelada ali. Depois, a sagrada "cervejinha" com os amigos, enquanto eu tomava um refri e ficava escutando o bate papo deles (o resto dos garotos ia... sei lá o que ia fazer, eu nunca fui social demais e preferia ficar ali perto, para voltar logo para casa e para ouvir o papo dos adultos). 

Sempre tinha os "coroas" (na real eram mais novos do que eu sou hoje! hahahah) que ficavam se gabando de que poderiam ter sido profissionais, com alguma desculpa sobre o que tinha feito eles irem em outra direção. E eu lembrava de ficar maravilhado, pensando "nossa, que legal, estou aqui com esses quase jogadores profissionais!" (pô, dá um desconto: eu só tinha 7, 8 anos). Mais velho, ainda ouvindo as mesmas histórias, caçoava deles mentalmente enquanto ouvia e pensava no tanto que aquilo era só papo, "como podem falar tanta merda, tanta mentira, e todo mundo ainda concordar?? Se fossem bons mesmo, tinham sido profissionais"

*Corta para ano da desgraça de 2020. Dia 06 de Maio.*

Eu queria postar uma coisa no twitter hoje, mas me deu medo. Era o poeminha que escrevi esses dias, sei lá, achei legal a melancolia dele, achei que cabia em twits, e realmente me ajudou a clarear a cabeça. Mas bateu tanta insegurança que não o fiz.

Não é que eu ache que escreva mal. Também sei que não sou um grande escritor. Mas sempre gostei tanto de escrever, que a fantasia de que eu poderia ser escritor se me dedicasse, se "tivesse tempo", é uma parte grande de mim, do que sou. É reconfortante. Me dá uma crise de ansiedade real oficial pensar no que faria se fracassasse em algo que amo tanto, que tem tanta importância para mim (ler é provavelmente o hobby que mais amo na vida, sem querer ser presunçoso de maneira alguma - não arroto que só leio coisas de "alta qualidade", nem menosprezo o que outras pessoas leem. Mas confesso que já fiz isso, quando jovem. Tem que acabar o jovem). A mesma coisa com ilustração. Eu talvez tivesse algum talento, não sei, mas a real é que eu nunca fui atrás de verdade - e, nesse caso, eu inclusive tive oportunidade, e acho que é porque eu sabia que seria devastador se não desse certo.

Lembrei de Friends.

O que Chandler sempre quis fazer na vida era algo que fosse criativo (oi), mas precisava trabalhar (oi²) e arranjou um emprego em que se deu bem, mesmo sem dar muita importância (oi³) - e justamente por isso, que fazia com que não tivesse medo de arriscar, tornou-se bom naquilo. Com o tempo desenvolveu uma boa carreira, com bom salário, e foi ficando cada vez mais e mais difícil pensar em fazer qualquer outra coisa.

Eu sempre brinquei que era o Chandler por ser um loser com as mulheres e mesmo assim acabar com uma Monica e pelo senso de humor, pelo sarcasmo. Mas pqp, quando menos esperava, tá aí mais uma coisa em que posso dizer que sou como ele - claro, sem estar em uma "feel good sitcom", não tem como largar tudo para "focar na carreira que realmente gosta" (e, sendo sincero, uma grande diferença é que eu gosto bastante do que faço, me sinto bem realizado - ainda bem!) e isso ter alguma chance de dar certo.

Mesmo assim, essa fantasia é, paradoxalmente, a coisa mais real que eu tenho e não me sinto pronto ainda para abrir mão dela. Não sei por quê é tão difícil - teoricamente, eu não tenho nada a perder. Já faço algo que curto, sendo "bem sucedido" e isso é apenas um hobby, certo?

Certo?

Então por quê? Além de tudo, a máxima de que "o medo de perder tira a vontade de ganhar" (valeu, pôfexô!) dita que se eu não publico, ninguém lê, se ninguém lê, jamais vou poder tornar esse hobby minha principal atividade. Uma equação perde-perde pra coach nenhum botar defeito. Mesmo assim essa barreira mental permanece.

Qual a conclusão?

Vish, e eu lá sei*? Vim desopilar aqui justamente porque não tenho resposta alguma - e sejamos francos: dá uma olhada em tudo que postei aqui, eu por acaso tenho cara de quem tem alguma resposta pra qualquer coisa? Mal aê.
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04/05/2020

Armário (parte final)

E só para deixar registrada a conclusão da EPOPÉIA de montar um armário: terminamos hoje mesmo (bom, ontem, tecnicamente) de montar e ficou até passável. Até regulagem das dobradiças dei um jeito de fazer. Claro que o bichin é vagabundo que dá até dó, mas missão dada é missão cumprida então pronto.

PS: não teve foguetório. Eu culpo o Crivella.

PS2: eu ia postar uma foto mas, sinceramente, vendo a foto, fica ainda mais ridícula essa narrativa toda. Sério, deu vergonha, vou deixar a imaginação de quem ler isso aqui pelo menos dar alguma dignidade a toda essa provação ;P

PS3: acabei de reparar que na foto sobre a organização da mesa tem um pedaço da minha coxa. HUMMMMMMM SÉQUIÇI


Desculpem, vou tentar deixar isso aqui, como nunca sempre foi, um ambiente familiar Ó_Ò

02/05/2020

O armário

Finalizando de ontem, hoje preferimos curtir muito mais o dia fazendo belos nada e avançou pouco a construção do armário.  ‪¯\_(ツ)_/¯‬

E, continuando na sinceridade brutal, eu ferrei a mão ontem e fiz ainda menos, e foi a Monica que fez a parte chata de hoje (colocar as cantoneiras por dentro com a mão batendo nos cantinhos tudo para conseguir parafusar é odioso). Só coloquei as braçadeiras das portas e o painel de fundo que martelei com muita alegria aliás, imaginando a cara de c-e-r-t-o-s p-r-e-s-i-d-e-n-t-e-s. Avançamos para 93% pronto.

MAS consegui dar uma bela demonstração do por quê do meu "apelido" daqui (essa história já contei aqui), sempre cabe a ANEDOTA: ao encaixar as duas peças do armário, para a cavilha "entrar bem" (ui, danado), eu resolvi APOIAR no armário, que é bem vagabundinho diga-se de passagem, e A CARALHA QUASE RACHA O PARAFUSO DA BASE. Coloquei mais um só para garantir, mas né. Uma anta.

É isso. Quando concluir espero uma saraivada de fogos do nível do reveillon em Copacabana. 

TEJE AVISADO, CRIVÉIO  Ò_Ó

01/05/2020

Aqui é trabalho, meu filho!

Não podia ter passado de maneira melhor o Muricy Day do que... trabalhando, né? Mas em causa própria, pelo menos. Enquanto estamos ainda aqui no Rio de Janeiro, descobrimos uma caixa fechada, com um móvel para a cozinha que a sogra comprou (há mais de ano) e não abriu. "A gente monta!", alguém disse, e lá fomos nós (eu).

Abrimos a caixa e observamos a pilha de material. Se disserem que sou organizado, uns 85% das vezes é mentira, mas para projetos assim, até que não faço feio. Separei direitinho as coisas, as peças e os parafusos, pregos, dobradiças, etc, para facilitar depois. Também não chego a ter TOC, mas olha que belezura:

Dá até dó de usar, diz aí?

Mas aí conto pra vocês: o cara que escreveu as instruções não tem mãe não, viu? Lá em basicamente o móvel montado, as indicações de parafuso, e é isso - é como se o manual me olhasse, sábio como o Yoda, e dissesse: "Siga seus instintos, jovem Padawan", "confia na sua capacidade" e também "joga como Brasil", tudo de uma vez só. E lá fui eu, o Davi Luiz da casa, querendo trazer um pouco de alegria a meu povo nesse momento tão complicado, tentar montar o armário na unha.

Ah, calabok Yoda  ¬¬ 

Ok, importante dizer: eu não estava montando também 30m² de armário, tá? É só um pequeno armário de 1,72m por uns 80cm. Enfim. Só para deixar claro.

Então estou eu montando essa KITCHNETTE e decifrando o SUPERDETALHADO manual de instruções, encaixa prateleira, aperta parafuso, sobe a lateral, monta a parte superior, pega a cavilha, encaixa uma parte na outra... o tempo passa, o tempo voa e quando vi, eram mais de 9 da noite e eu suado como um estivador ao fim do dia - enfim, uma vergonha. Mas o armário estava 80% completo, eu só não ia pregar o painel do fundo essa hora porque, convenhamos, eu não sou TÃO fdp. Amanhã eu termino. Mas já está quase pronto, bela homenagem ao 1o de Maio.

É nóis, professor!
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26/11/2015

Paciência é uma virtude...

...que me falta muito.

Ok, aviso: o tema desse post é pereba e é meio nojento então lê quem quer. Teje avisado(a).

Quem me conhece sabe (e quem não me conhece percebe rápido também) que o apelido carinhoso de "ogro" não era por acaso e eu não sou lá muito inteligente em alguns momentos, apesar de tecnicamente ter o QI relativamente alto.

Ingual certas pessoas.

Enfim, para resumir a história, estou com uma berruga (tá, não é exatamente isso, mas não sei o nome técnico, é um câncer de pele daqueles benignos que não são nada) na cabeça há algum tempo, que machucou e volta e meia sangra um pouquinho.

Eu sei, eu sei, já fui em um dermatologista, ele deu prioridade para outras pintas "mais graves", ela entrou na fila para arrancar (na época não estava sangrando), aí mudei de emprego, outro plano de saúde, esse médico não aceita, tive que ir em outra dermato, puta mulher enrolada do caralho, ficou de enviar e-mail para marcar a cirurgia, aí não fazia a cirurgia quem fazia era o médico parceiro dela de clínica que - surpresa! - não atende pelo plano, aí fiquei puto porque óbvio me senti enganado, mas preciso fazer essa porra então ia fazer de qualquer jeito, mas daí que o e-mail nunca veio e não fiz muita questão então eu e minha verruguinha estamos aí, num relacionamento sério em que a gente se tolera e ela sangra de vez em quando ou seja, quase uns casamentos que já vi por aí.

E quase um episódio de Futurama.

Enfim, hoje tomei banho e sequei a cabeça com todo o cuidado do mundo e mesmo assim a diaba sangrou. Aí me irritei, peguei a escova de cabelo e escovei com uma certa raiva.

Lembra que falei que às vezes não sou lá muito inteligente? Então.

Sangrava um pouquinho de vez em quando, né.

Hoje sangrou pacaráleo.

>_<

08/11/2015

Alma do negócio

Deixa eu dedicar um pequeno espaço para colocar uma notícia que me chamou um pouquinho a atenção. Essa é das melhores (ou piores?) que já li. Registrem o que eu digo: se Tyrone Burgo um dia tiver um blog e criar uma seção de “decisões brilhantes”, e fizerem um concurso regional de decisões brilhantes, ele vai qualificar para o campeonato nacional de decisões brilhantes, ir para o Japão concorrer no mundial de decisões brilhantes (que alguns rivais invejosos anos mais tarde chamarão de "intercontinental de decisões brilhantes", mas não vem ao caso), vai ganhar do Real Madri das decisões brilhantes de goleada e vai levar o troféu fácil fácil.

Vamos brincar de RPG, amiguinhos: você é um cara mau. Um traficante. Mora na região barra pesada de Boston. Dirige um carro roubado, e colocou nele placas frias. Você dirige com a habilitação suspensa. Você é FODEROSO, resumindo! Um cara mau bagaráleo. Um GTA da vida real. V1d4 L0k4. Mas aí, um belo dia, você nota que as vendas de coca baixaram (e lá nem tem a Dolly pra culpar) ou simplesmente não estão crescendo na velocidade que você esperava. O que você decide fazer, mano?

A-) Mano, meto umas azeitona nos concorrente!
B-) Brou, convido uns truta pra vender pra mim e ampliar minha zona de atuação!
C-) Véio, ANUNCIO NA INTERNET que vendo drogas e coloco meu telefone para contato!!! Propaganda é a alma do negócio, nénão?

Assumindo que você não é um mamífero completamente acéfalo, você escolheu “A” ou “B”, certo? Pois nosso amigo Tyrone escolheu “C”. Sem zoeira. A polícia de Boston simplesmente ligou em seu telefone e agendou uma “compra”, mandando um detetive disfarçado. Quando efetivou a compra, anunciaram a prisão. Simples assim. Êêêêêê lerê. Tenho alguns amigos policiais e se todas as prisões fossem fáceis assim... ou todos os bandidos fossem burros assim... Imagina só: é o equivalente ao Maluf mandar um extrato do banco Suíço onde ele esconde a bolada, sem querer, para o Imposto de Renda ao invés do contador dele nas ilhas Cayman (quem nunca, né). Fala sério! ¬¬

Já dizia muito bem meu sábio avô, quando vivo: “Se vai fazer alguma coisa errada, faça direito!” – claro que ele era o cara mais certinho que já conheci na vida, mas o conselho ainda é válido.

30/10/2015

Periculosidade

Ser policial é perigoso e isso ninguém ousa contestar. Mas algumas vezes os fatos de ser um trabalho naturalmente perigoso e o ser humano ser inerentemente idiota se mesclam de uma forma tão engraçada quanto imbecil. E não é coincidência, na opinião desse humilde e também (imbecilmente) humano cronista, o fato de que a maior parte desses eventos vem dos Estados Unidos.

Iowa é um estado idiota em um país de idiotas. Vamos chamá-lo de “Idiotalândia”, para demonstrar seu potencial. E foi lá, em uma cidade chamada Davenport, que a polícia procurava um bandido. Eles demarcaram uma área a observar e colocaram policiais à paisana procurando o suspeito de assalto. Um certo detetive foi abordado por um certo idiota, McCory Slemmons, que o acusava de encarar sua esposa. Slemmons tirou um par de NUNCHAKUS (de onde eu não sei) e chamou o detetive pro pega. O policial calmamente mostrou seu distintivo e mandou Slemmons colocar os nunchakus no chão para ser revistado. Mas ao invés de obedecer, o brigão decidiu simplesmente virar as costas e ir embora. Foi preso, sob acusação de “ataque armado” (estou tentando traduzir os termos legais americanos o melhor que posso aqui...) e “embriaguez”.

É sério isso: a melhor estratégia que o imbecil conseguiu criar foi fingir que nada aconteceu e sair andando??? O que será que ele pensou? “Hmmm... droga, chamei para a briga um policial, mostrei uma arma e além de tudo tô bebaço. Já sei! Vou simplesmente fingir que nada aconteceu, ele vai achar que delirou!!!” Lamentável. Ele podia chegar para o policial e dizer: “Tem de creme?” Clássicos nunca morrem.

Cara, eu já encarei algumas esposas no meu tempo, mas nunca fui atacado por um maníaco com um nunchaku. Não, péraí... teve uma vez... acho... foi... Não, nunca fui mesmo. Teve um japonês uma vez, na frente de uma unidade da Cultura Inglesa, que... ah, meu, essa pode virar um post, deixa eu fazer as histórias renderem aqui.

28/10/2015

Um dia difícil

Hoje realmente não foi um dia muito fácil. Para começar, com a economia do jeito que está, a empresa em que trabalho buscou maior efetividade em custos e estrutura mais ágil para tomada de decisões, o que sempre quer dizer "reduzir o número de pessoas". Houve várias demissões, e o clima o dia todo foi bem pesado. O processo até foi conduzido com o máximo de respeito que esses momentos possibilitam, com grande preocupação em dar apoio às pessoas e um pacote financeiro de desligamento. Mas é claro, isso doura a pílula mas não a torna mais fácil de engolir: é claro que a maioria das pessoas, se tivesse a opção, escolheria manter o emprego. Reestruturação para investir em umas áreas em detrimento a outras nunca é fácil. Faz parte da vida profissional - é como a morte (e, aliás, há estudos comparando a perda de um emprego ao luto). Isso foi minha manhã e grande parte da tarde.

Yay. ¬¬

O resto da tarde foi uma ligação de que minha filhota teve um pequeno acidente: foi sair do carro sozinha e prendeu o dedão na porta. Estava inchado demais e minha mulher achava que podia ter quebrado. Muito choro, muita dor...

PUTA MERDA. Horrível ver filho sofrendo, gente, e ao vivo é pior mas por telefone também rola uma angústia difícil de explicar.

Enquanto ela já saía com a pequena para o hospital, eu fechei tudo para sair e fui encontrá-la lá. Quando cheguei, já não havia choro e com as duas mais calmas também acalmei. Passamos pelo médico, passamos pelo xerox raio x, voltamos para o médico, diagnóstico: uma pequena fratura, nada sério, vai ter que usar uma tala por 3 ou 4 semanas. UFA! Claro, é ruim machucar e tudo, mas não ser nada sério é sempre uma coisa "copo meio cheio". E, melhor de tudo, a piveta estava já toda serelepe pelo hospital, sem dor, conversando e perguntando e sorrindo, e isso é bom demais também.

Claro, amanhã na hora de acordar para ir para a escola, esse dedo vai doeeeer... ;)

07/01/2015

5:15 - parte 2

Outro 7 de Janeiro, um dia de festa muito especial! Nosso moleque, o terremoto, o ruivinho que vai de fofo a peste em 4.7 segundos e que quando liga o turbo vai à manha-supersônica ainda mais rápido, faz dois anos! E o maior susto que já tomei na minha vida também, e como comentei aqui, vou contar a parte final (a meta de 2 posts por ano por aqui continua firme e forte heheh).

Parei na parte em que você havia acabado de nascer, vivinho da silva, chorando forte (no que você é bom até hoje, tendo até se aprimorado bastante), a maior alegria que poderíamos ter. Eu tinha voltado do interfone na esperança de achar o vizinho médico. E o que fazer agora que você estava ali, nascido?

"Liga para o meu médico."

Fui correndo pegar o telefone, sendo imediatamente chamado de volta pela sua mãe já que eu, err, esqueci você chorando no chão ao invés de entregá-lo a ela. Ops! Momento “menas pai” da manhã. Erro corrigido, cobri você com uma fralda de pano e fui ligar para o médico. Foi aí que a mamãe teve a genial idéia de perguntar que horas eram: 5:15am (e era exatamente isso, nem arredondei nem nada). Que presença de espírito diante da situação, caraca - eu estava pensando em milhões de coisas, mas essa não era uma delas. A conversa com o médico seguiu-se mais ou menos assim:

"Bom dia, Dr., é o Rodrigo, marido da Mônica. O Rafael nasceu!"
"Ok, a mala já está pronta? Nos encontramos no Hospital, estou a caminho."
"Não, Dr, o sr não entendeu... ele já nasceu, está aqui no colo dela! O que eu faço?"
"Ah, ele já nasceu? Olha, então o principal agora é cortar o cordão umbilical, é muito importante."
"Ahan, ok, dr, mas COMO eu faço isso? Esterilizo uma faca, uma tesoura? Pro sr isso é simples, Dr, mas eu sou novo nisso!", eu disse, tentando ser simpático por trás do pânico.
"Isso, isso, esteriliza uma tesoura, dá um nó de cada lado do cordão umbilical e depois corta no meio. Como já nasceu eu encontro vocês no hospital só mais tarde."
"Ok, certo!"

Enquanto isso, perguntei a sua mãe para quem mais ligar e ela sugeriu meus pais e minha irmã primeiro (alguém teria que vir ajudar a gente, afinal!) e depois os pais dela. Acho que a conversa com sua vovó Rachel foi a mais engraçada:

"Rachel, é o Rodrigo. Nasceu o Rafael!"
"Que bom! Vocês estão no hospital?"
"Não"
"Como assim não?"
"Não deu tempo. Ele nasceu em casa!"
* 25 minutos de silêncio *
"Como assim?"
"É, não deu tempo de chegar no hospital e ele nasceu aqui em casa. Mas não se preocupa, ele está muito bem e Mônica também."
"...
...
...
...Como assim?"

Desligamos e fui correndo à cozinha colocar uma tesoura no fogo, tudo parecendo tão simples e direto até ali. Mas voltei até vocês e então me deparei com um pequeno detalhe: o cordão é uma linha contínua entre vocês, mais grosso que meu dedão, e principalmente sem pontas em que eu pudesse dar nó.

Oh-oh.

Fiquei observando aquela cena pelo que pareceu uma eternidade, pensando em como caráleos alados eu poderia dar nó naquilo, uma vez que não sou nem marinheiro, nem escoteiro.


E não tinha um desses à mão para referência rápida.
Amadorismo, CLARO.

Fiquei ali amaldiçoando o médico mentalmente por segundos que pareceram minutos (ou minutos que pareceram horas, não sei) - FDP deve ter aprendido isso no primeiro dia de aula ("Bem vindos à faculdade de medicina! Tudo começa com um parto, e é assim."), mas eu sou formado em propaganda e marketing, ou seja, naquele momento eu era mais qualificado para a campanha de lançamento do bebê no mercado do que pra cortar o cordão umbilical.

Aí tive uma idéia "brilhante": cortaria o cordão ao meio e rapidamente, agora que teria duas benditas pontas nas mãos, daria um nó em cada lado como orientado. Não parecia ser exatamente o jeito certo mas diante das circunstâncias... (e não me ocorreu, com tanta adrenalina e nervosismo, tentar lembrar do nascimento da sua irmã) A indecisão demorou mais alguns momentos, e então resolvi: tinha que ser feito. Preparei a tesoura e... a campainha tocou. O vizinho médico! Corri (de novo. Perdi uns 5 kgs essa noite e o Nike Run contou 65km) para abrir a porta. O médico estava pálido com uma MALA de remédios.

"O que houve???", perguntou, alarmado.
"Minha mulher está ali no quarto, o bebê nasceu!"
"Ah, é nascimento, não morte?", perguntou ele, que descobri ali ser cardiologista e que achou que alguém estava morrendo, "Então é tranquilo", completou. Eu não estava achando até aquele momento, né, mas o especialista ali era ele.

Levei-o até o quarto, expliquei em que etapa do processo, descobri que o nome dele é Augusto (Dr. Augusto, claro) estávamos e ele deu a genial solução: um barbante para amarrar o cordão, fazendo um torniquete em cada lado. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh táaaaaa... porra, por que raios o médico dela não disse isso pra começar? Achei um par de cadarços novos que estavam guardados (confesso que por um momento a tentação de sacrificar um velho passou pela minha cabeça, mas aí lembrei da questão de higiene) e pronto: cordão cortado. E nisso toca a campainha, mas eu não tinha convidado mais ninguém para a festa. wtf?

"Deve ser minha mulher, Rosane, eu pedi a ela para subir também", explicou o médico, "E ela vai poder ajudar, ela é enfermeira obstétrica." Concordei que ajudaria um pouco, né, e agradeci nosso anjo da guarda mentalmente. Ela logo nos ajudou a embrulhar melhor o bebê ("Bebês perdem muito calor logo que nascem, precisa embrulhar mais - vocês têm um cobertor?") e a começar a nos arrumar para sairmos.

Durante toda essa correria, bagunça, gritaria, sua irmã dormindo. :)

Finalmente fomos para o hospital, com mais alguma ajuda: a Rosane se ofereceu para ir junto e levar você no colo até lá. Dr. Augusto pegou a sua irmã já que eu havia descido para manobrar o carro, e ela "acordou" no colo dele:

"Mamãe, o que tá acontecendo?", ela disse, morrendo de soninho.
"Filha, o irmão nasceu! A gente está indo para o hospital."
Sem nem reparar que tinha dois estranhos ali (já que tínhamos mudado não fazia muito tempo e ainda não conhecíamos os vizinhos direito), o único comentário dela foi:
"Oi, neném." e encostou a cabeça de novo no Dr. Augusto quietinha. Até hoje ela conta a história como sendo o vovô Sérgio que a pegou - e a confusãozinha sonada dela até faz sentido, porque ambos são altos, magros e grisalhos (mesmo o Dr. Augusto sendo bem mais novo que o vovô).

Chegamos ao hospital sem problemas e logo atenderam a mamãe e você, pesaram, mediram e confirmaram que você era super saudável e forte. E ficou famoso no hospital! Vieram enfermeiras de outras sessões e perguntavam: "Foi esse aí que nasceu em casa?"

Logo a tia Dri chegou, foi a primeira, e ficou com o papai e sua irmã aguardando e ajudando. Você já era cabeludo e logo deu para notar que era ruivo que nem o papai. Foi engraçado que, como você nasceu em um "ambiente externo contaminado", você não podia ir para o berçário com as outras crianças e ficou o tempo todo com a gente (que era o que a gente queria mesmo). E, óbvio, a família inteira ficou fascinada com o jeito espetacular que você veio ao mundo - mesmo que tenha certamente me custado alguns anos de vida e vários cabelos brancos...
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14/04/2014

Quatro

Parece que foi ontem. Recebi a ligação que eu já estava me preparando (ou melhor, achava que estava me preparando - a verdade é que a gente nunca está preparado, nunca está pronto) durante uma entrevista, e daí em diante foi uma correria. Você chegou e virou nossa bebê, nossa filhotinha, nossa mini-pessoa e hoje... irmã mais velha, uma criança! Você continua tão figurinha e espoleta quanto sempre foi, agora só um pouco mais jeca e malandra - mas mais independente, na mesma proporção. Já não é mais tão pequenininha, já se vira em muitas coisas, as histórias fazem sentido e todas as palavras são compreensíveis. Já até aprendeu algumas em inglês!

QUANDO FOI QUE ISSO ACONTECEU???

Bom, me orgulho bastante de ser um pai bastante presente (mesmo me culpando bastante também por não ser mais presente ainda), então é claro que curti cada momento e sei direitinho quando aconteceu: nas 5 horas por dia em que eu estou dormindo. Só pode. :)

Falando sério, mesmo acompanhando de perto, ainda nos pega de surpresa quando paramos pra pensar. É um daqueles sustos que eu tomo mais do que a maioria dos pais, porque nossa família tem questões geográficas (nosso lado carioca e nosso lado paulista) então com alguma frequência sou obrigado a passar alguns dias longe de você, e quando nos revemos parece que você dobrou de tamanho. Não dobrou, claro, é que no dia a dia nos acostumamos e perdemos a referência - quando passamos esses 3 ou 4 dias longe, quando te vejo você parece enorme.

Você está enorme. Feliz aniversário, filha. Você é uma mini-pessoa muito especial, carinhosa, inteligentíssima, alegre e merece tudo que o mundo pode oferecer. E o papai está aqui para ver você ganhar o mundo e conquistar tudo, aconteça o que acontecer: para segurá-la quando cair, abraçá-la quando precisar, comemorar cada vitória. E serão muitas, não tenho a menor dúvida. Todas as que você quiser.
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07/02/2014

Elitismo e Preconceito

Sobre a professora arrogante e elitista que não gosta de interagir com classes mais baixas no aeroporto: fala merda e ainda tem a pachorra de dar essas não-desculpas: "ai, POSSO ter errado, e SE ofendi alguém, peço desculpas." Não, querida, deu o rebuliço que deu porque ninguém ficou ofendido. Aliás, você está pedindo desculpas porque ninguém ficou ofendido, né? 

"Se."

Sei.

Uma das ~miguxas~ que comentaram no post ainda piorou a coisa, pediu "desculpas" complementando com um "embora não soubesse que o post era tão público." AH, VAPAPU, né, querida? Ser preconceituoso no privado pode?

E é por isso que eu repudio comentários toscos, mesmo as piadinhas, mesmo "entre amigos".

Mas vamos lá. Você cresceu em um ambiente classe média/média-alta/alta/altíssima e se acostumou com essa mentalidade. Com ouvir e achar normal comentários inferiorizando outras pessoas. Tanto que sinceramente não acha que está inferiorizando ninguém, acha que "é só piada". Você é uma boa pessoa, ajuda os outros, dá "até" férias para a sua doméstica, não joga papel na rua. E aí fala merda em público, ou uma mensagem privada "vaza" ou "cai na net" (gente, se foto pelada escapa, o que te faz pensar que outras mensagens, para gente com quem você tem bem menos intimidade do que quem você trepa, não vão vazar também? Privacidade é ilusão, lembrem disso sempre). Não importa como veio a público mas PÁ, um mundo de gente te critica, xinga, zoa. E você acha necessário um pedido de desculpas público, porque né, OPS. Louvável - se for sincero. Se for genuíno. Se fez você rever seus preconceitos e entender que as "piadas" não são "só piadas" e que não são ok nem "apenas entre amigos". Se você não incluir "talvez", "se", ou o famoso (e talvez pior deles) "fui mal interpretado", usado pelo reitor da Unirio, que tem a dupla beleza de não admitir o erro e de bônus jogar a culpa nos outros por não saberem ler. Genial.

Caso contrário, é óbvio que você não se arrependeu de como pensa ou do que falou. Você só se arrependeu de ter sido pega no ato e exposta, como fica óbvio no caso da "comentadora de posts" acima.

Então vai, vou dar um boi e reescrever o pedido de desculpas da Rosa Marina Meyer como ele DEVERIA ser, em minha revoltada opinião (as maiúsculas são apenas para mostrar aonde mudei, deixaria "normal" na declaração oficial):

"Sabedora do desconforto que CRIEI com um post meu publicado ontem à noite, peço desculpas à pessoa retratada e a todos os que FORAM atingidos e ofendidos pelo meu comentário. Absolutamente não foi essa a minha intenção, MAS PERCEBO AGORA O QUANTO MINHA MENTALIDADE ESTAVA EQUIVOCADA. ME ESFORÇAREI MUITO PARA SER UMA PESSOA MELHOR, E ESSE EPISÓDIO ME FEZ VER O QUANTO EU MESMA PRECISO EVOLUIR PARA TERMOS UMA SOCIEDADE MELHOR E MENOS PRECONCEITUOSA."

Pronto, não é melhor assim?

R.: sim, DESDE QUE SEJA SINCERO PORRA.

UPDATE: o cara fotografado é advogado e retornava de um cruzeiro internacional (link aqui). Maior prova de que preconceitos são estúpidos o universo não poderia dar, não é mesmo? Ah, a ironia... 
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07/01/2014

5:15

Há um ano e três semanas, no início de Dezembro de 2012, eu e sua mãe estávamos conversando sobre sua chegada. A ansiedade, a antecipação... você, assim como sua irmã, foi muito aguardado. Mas eu tinha uma preocupação, e comentei com a mamãe:

“Putz, sabe o que eu estava pensando? A Cat foi tanta emoção, foi algo tão especial... seria injusto com o Rafa que não fosse igual, e eu tenho um pouco de medo... como a gente já passou por isso, será que vai ser tão emocionante? Você pensa nisso também?”

E sua mãe, com aquele jeitinho dela, respondeu que já tinha pensado nisso também, mas “Ah, tenho certeza que vai ser sim, é sempre diferente... agora é um menino, já é diferente.”

Isso me deixou um pouco mais tranquilo, mas confesso que a pulguinha permaneceu atrás da minha orelha. Só que eu tenho certeza que, lá dentro da barriga da sua mãe, você me ouviu e pensou: “Ah, é, papai? Você vai ver só!” Porque sua chegada foi tão inesquecível quanto a da sua irmã, assustadoramente inesquecível.

No dia 06 de Janeiro de 2013 fomos dormir, mas eu estava completamente insone. Fiquei fritando na cama até 3:30 da manhã, última vez que olhei no relógio. Já era dia 07, uma segunda-feira, e você estava previsto para chegar por volta do dia 14. Sabíamos que era a qualquer momento, e às 4:30 da manhã sua mãe me acordou dizendo que “era hora”. Eu havia acabado de pegar no sono, e ainda perguntei para sua mãe se ela tinha certeza. Ela disse que sim: pulei da cama e perguntei aonde estava a malinha que tínhamos que levar para o hospital. Enquanto fui pegar a mala, ela foi pegar alguma coisa que tinha deixado na secadora (aiai). Estávamos prontos! Mas era preciso um xixi antes e...

“Não vai dar tempo de chegar no hospital!”
“Calma, claro que dá, é a menos de 5 minutos daqui! Vamos para o carro, eu te ajudo a andar!”
“Não, você não tá entendendo! Não vai dar tempo! Corre aqui!”

Quando cheguei e fui espiar, já dava para ver a ponta da sua cabeça e os cabelinhos!

“Ih, já tá nascendo!”, berrei. Segundo a mamãe, meus olhos pareciam de mangá nessa hora (e pela próxima hora, hora e meia, aliás. E eu acredito nela).
“O que que eu faço???”
“Deita no chão!”, eu disse, e a ajudei a deitar. Um de nós dois soltou um “E agora?” e o outro respondeu “Agora a gente vai ter que fazer nós mesmos!”, mas sinceramente não lembro quem disse o quê. A sensação de pânico, de medo de algo dar errado, era de ambos. Era nítido na troca de olhares.

~*Contração*~

Enquanto eu ajudava (pouco), apareceram sua testa e seus olhinhos fechados. Sua mãe mal respirava com o susto, e minha preocupação maior (e anestesia, meodeos? Com a Cat era tanta dor que ela não conseguia nem falar até ser anestesiada! Como ela vai fazer com tanta dor?) foi em vão, acredito que por conta da adrenalina – bendita adrenalina! – porque a Mô comentou que nem pensou na dor (apesar de ter doído bastante, mas foi suportável).

~*CONTRAÇÃO*~

Eu segurava sua cabecinha e ela saiu toda. Já via seu nariz, sua bochecha, seu queixo e até seu pescocinho. Seus olhinhos continuavam fechados. E aí mamãe lembrou:

“Rô, tem um vizinho aqui no prédio que é médico! Liga pro porteiro e pede pra chamar!” – um pequeno (grande) alívio! Grande mamãe!
“Você sabe o nome dele, qual apartamento?”
“Não. Mas o porteiro deve saber, liga lá!” Bom, dada a situação, sua mãe lembrar o que lembrou já foi muito, temos que reconhecer.


Foto: mamãe, nas horas vagas.

Corri. Nosso apartamento não é grande, mas estava tudo em câmera lenta e parecia que eu tinha corrido os 100m rasos em tempo recorde. Tenho que confessar, o caminho até o interfone foi o maior pânico que passei a noite toda (sim, depois do pânico de saber que eu, que fugi de biologia porque sempre tive nervoso com sangue e afins teria que fazer um PARTO, e o parto do MEU filho ainda por cima, era possível sentir mais pânico). Explico: seus olhinhos fechados e a cabeça penduradinha me assustaram – claro que ali não tem muito espaço para se mexer, né, mas quando a gente está (muito muito muito) assustado a gente pensa besteira. E eu comecei a pensar: “será que o Rafa está nascendo 1 semana antes porque houve algum problema?” (assim: racionalmente eu sabia que nascer 1 semana antes da data estimada não é nada demais, mas minha capacidade de ser racional já tinha ido embora na hora que sua mamãe berrou que “era hora”) “E se ele demorar para nascer e não conseguir respirar, meodeos, o que vou fazer?” Porque eu lembrava do nascimento da sua irmã, da dificuldade da sua mãe em fazer força (por causa da anestesia), da pressão da enfermeira, literal e figurativamente, pulando na barriga da sua mãe durante as contrações e dizendo para ela fazer mais força porque não podia demorar mais – se no hospital, com tanta segurança, era tão crítico, imagina em casa? E por aí vai.

Mas consegui falar com o porteiro, ele sabia quem era o médico e disse que ia chamar. No instante em que desliguei o interfone ainda morrendo de medo, você chorou o choro mais maravilhoso que já ouvi na vida, e o alívio que veio com esse choro tirou o mundo dos meus ombros, foi como um banho quente no seu velho aqui. Corri de volta para o quarto e lá estava você, sobre a toalha, aos berros. E eu só conseguia sorrir.

“Ele nasceu!”
“Inteirinho?”
“Inteirinho, Mô! E está bem!” eu não continha as lágrimas. Perdi a última contração, mas não importava. Nada no mundo importava naquele momento: você estava bem, tinha nascido inteiro. “Você conseguiu, amor!”

E, com tudo isso acontecendo, eu e sua mamãe berrando para se comunicar e eu correndo pelo apartamento, sua irmã... nem tchuns, continuou dormindo. E isso foi o melhor que poderia ter acontecido.

Isso foi há exatamente um ano, e tenho certeza de que até você chegar em uma idade que vai poder ler isso aqui, já terá ouvido essas histórias mil vezes - mas sabe como é, estou ficando velho e se eu não registrar, como vou lembrar para te envergonhar pelo resto da vida? (heheh) Feliz aniversário, filhão. Amamos você demais, mesmo com o maior susto que já tomamos na vida. Vou guardar o resto da história para seu aniversário de 2 anos, apesar que com a maneira que você já chegou chegando, tenho certeza de que assunto não vai faltar.
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21/10/2011

Comentários

Eu geralmente respondo os comentários nos próprios comentários, é legal interagir com as pobres almas que quem lê o blog e se dá ao trabalho de comentar. Mas algumas pessoas especiais merecem atenção especial. É o caso da Aline, pessoa muito especial que visitou um post de algumas semanas atrás, uma piadinha sobre a Gillian Anderson e a Nigella. Ela deixou o seguinte comentário:
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Aline Freitas disse...
Comentário de quem realmente não entende nada de alimentação saudável, deve ser gordo e deve dizer que se acha feliz sendo assim. Traumatizado. O nome do blog da diz tudo... é um ogro mesmo... que deve comer só porcaria e achou essa fórmula ridícula de justificar sua alimentação péssima... mau gosto esse blogzinho, aposto que vai apagar esse post, para que as pessoas não compartilhem da mesma opinião que a minha... fraquinho!!!
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Foto: pessoa muito especial
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Sabe, Aline, eu não ia responder porque mamãe ensinou que devemos ser superiores a pessoas ignorantes que fazem ofensas gratuitas. Mas o que você falou realmente me magoou... porém me abriu os olhos – pegou no meu ponto fraco: o fato de que estou gordo! Sabe, eu venho me enganando de que sou feliz sendo assim, mas já tentei perder peso e é muito difícil, comer é muito bom e tudo que é bom engorda, não é mesmo? Vou deletar o post, de verdade, e mais que isso - já que achou fraquinho, vou deletar o blog todo. E vou além, vou me deletar logo é da vida e me matar!
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Aiai, o que eu faria sem você? <3

HAHAHAHAAHAHHAHAHAHAAHAHHAHAHAHAHAHAHAHA *engasga*
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Nossa, Aline, quanta raiva por algo tão tolo! Você sabe que isso é frustração sexual, né? Ser muito reprimida dá nisso, recomendo dar uma boa trepada para relaxar um pouquinho. Mesmo que você seja MUITO feia, sempre vai ter algum bêbado disposto a te comer. Sério, homem é idiota assim mesmo. E ó, vai te fazer bem! Vou te ajudar com algumas dicas, que nunca testei (graças a deus nunca tive esse problema) mas foram recomendadíssimas por trolls do twitter e trolls colegas de trabalho especialistas renomados:
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1 - Dê de maneira normal, na posição que considerar mais agradável.

2 - Caso o item 1 não resolva, dê meia hora de bunda. Anal às vezes desentope essa frustração constipada toda.
3 - Caso nem o item 1 nem o item 2 resolvam, lave uma pia de louça. Ou uma pia e meia.
4 - E uma trouxa de roupas.
5 - Nada resolveu? Jé-suis, então você é simplesmente mal resolvida mesmo. Tem certeza de que não é gay? Hoje em dia isso é bem aceito pela sociedade, querida. Libere-se!
6 - Caso item 5 afirmativo, 3 palavrinhas fariam maravilhas: strap on e KY.
7 - Caso item 5 negativo, gostaria de recomendar um 38 recomendo terapia.
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A menos que você seja menor de idade (o que explicaria as ofensas de primário e a falta de capacidade de interpretação de texto / raciocínio – bom, explica se você tiver menos de 8 anos). Nesse caso, por favor não faça nada de natureza sexual. Comece a lista do item 3, e pule o item 6. Releia.
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Quanto a sua sugestão de apagar o post...
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HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH²
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Sério, não dá para explicar DE NOVO que o post é uma brincadeira, não adianta apelar para o lado racional de alguém burra demais para perceber isso sendo que o texto DIZ que é uma piada. Faz o seguinte: lê a lista de novo para garantir assimilação.
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MAS a raivinha tola gerou um post (ruim, mas ainda assim), então acho que devo um obrigado a você! :* no S2
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15/10/2011

Bye bye Jobs



Já faz 11 dias que o Steve Jobs morreu, e eu não tinha comentado muito sobre o assunto ainda. Mas o fato de que depois de tanto tempo isso ainda gera tanto pano para a manga me fez resolver escrever sobre o assunto (até para manter o blog vivo, ainda que respirando por aparelhos).
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Não, na verdade não é sobre a morte do Steve Jobs que eu quero falar. O que realmente me desperta o desejo de dar uma opinião são as pessoas escrotas (como sempre) que consideram o cara Deus ou que criticam quem acha o cara fera.
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Também não vou perder tempo dando a biografia do cara: se está curioso(a), lê a Wikipedia. Basta saber que o cara foi um dos fundadores da Apple e basicamente criou a Pixar (após comprá-la da Lucasfilms, para quem não sabe ele não fundou a Pixar - mas sem dúvida fez dela o que é hoje), entre inúmeras outras coisas que fez. Ou seja: o cara é um dos responsáveis pelo MUNDO hoje ser do jeito que é, ponto. Sua influência é imensurável, tanto nos aspectos tecnológicos quanto culturais. Mimimis a parte, a moral da história é essa - se hoje você está lendo esse texto (que falta do que fazer, hein, meu? ;P ), agradeça ao Steve Jobs. Sim, entre outros caras, mas quê importa? Foi ele quem morreu (e quem vier falar do cara da linguagem C vai levar uma voadora na orelha! Sifudê).
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Mas nenhum argumento me deixa mais irritado com a humanidade do que dois conceitos que ainda ouço freqüentemente: o argumento de que o cara era um santo, um homem perfeito e infalível e completamente altruísta e a famosa frase "Ah, ele não era tão genial e sim usava as pessoas, só fez por dinheiro, era um chefe cruel, grosso, estúpido, bobo feio chato e carademelão, não é modelo para ninguém".
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Mas confesso que as primeiras me incomodam menos do que as segundas. Na verdade, não consigo levar a sério quem idolatra o Steve Jobs e ao mesmo tempo tenho plena consciência de que não sou ninguém para criticar e cada um tem o direito de ter o ídolo que quiser, é uma escolha puramente emocional. As pessoas têm até o direito de não pesquisar sobre seus ídolos e falar merda, achando que eles inventaram tudo que existe, da roda ao iPhone 4S. Não consigo não ser demasiado condescendente com esse povo, então nem vou falar tanto dessa parte - nem sei muito bem o que é esse negócio de ter ídolo, o mais perto que cheguei desse tipo de idolatria foi na adolescência com a Silvia Saint.
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Acima: também não é deus (pena),

mas é muito melhor que um iPhone

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Meus amigos e minhas amigas, vou falar algo bastante chocante e só falarei uma vez, então prestem atenção (ou não, e se for esse o caso releiam depois quantas vezes quiserem - ou precisarem - para entender direitinho): Steve Jobs fundou e presidiu uma EMPRESA, não uma RELIGIÃO (e sei que seus fãs mais exaltados - aka súditos, aka macfags - vão discordar disso, mas acreditem em mim, é um fato). Ele não fez o que fez para ser modelo para ninguém - e se virou modelo de algo, devia ser de motivação profissional ou modelo de visão de negócios e SÓ. Ele não reconheceu a filha (até aí, se você é brasileiro deve ser fã do Pelé e o cara tem mais processo de paternidade contra ele que o iPhone tem cópias e você continua achando o cara o melhor jogador de futebol do mundo da história), foi um grande filha da puta em vários aspectos. E ele queria sim ganhar dinheiro, e ganhou - muito, mas MUITO MESMO. Mas nos últimos anos trabalhou com salário anual de 1 (UM) dólar. Isso não faz dele um santo assim como ganhar dinheiro não faz dele o capeta. Ele era sim um chefe dificílimo de lidar, intransigente, grosso, mandão, controlador. Mas a porra da empresa era "dele". Trabalha lá quem quer (e não venham com papinho de "quem precisa", tem empresa bagaráleo no mundo, vai pra Apple quem quer), e ele sendo o chefe as coisas são do jeito dele e acabou. Foda-se! Qualquer dessas coisas tira o mérito do cara?
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Negar a importância do Steve Jobs e criticar quem ficou chateado com sua morte é mais ou menos como tentar negar que Henry Ford foi responsável por revolucionar os meios de transporte. Sem ele o mundo também não seria como é. Ele não criou o automóvel em si, não era o maior gênio de seu tempo. A "única" coisa que fez foi criar uma maneira de baratear a produção - e portanto popularizar, e é essa a chave - e assim fazer com que o mundo fosse capaz de ter acesso a carros, hoje uma frota de aproximadamente 1 BILHÃO de carros. Sem ele, provavelmente carros ainda seriam tão caros que a frota seria algo próximo da de helicópteros, algo em torno de 100 MIL (civis) em operação no mundo. "Ah, alguém mais pensaria nisso" - quem garante? Olhar para trás hoje é muito fácil, mas naquela época ninguém teve a sacada que ele teve e não existe maneira alguma, sem soar como um absoluto idiota ignorante, de declarar com certeza absoluta que mais alguém pensaria no que ele pensou. Isso não existe, não dá para saber - de repente mais alguém teria pensado, de repente não. O que se sabe é o que aconteceu, e só. E, no caso em questão, o que aconteceu foi que Steve Jobs estava no centro da maior revolução tecnológica da história e criou o mundo que conhecemos hoje. Não sozinho, não foi o único, não foi "bonzinho" e não foi o maior gênio envolvido nisso, mas foi protagonista desse processo.
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E você, o que tem feito ultimamente?

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14/04/2011

Carta de Aniversário

Oi, filhotinha! Você ainda é pequenina demais para ler essas linhas mal escritas, mas acho que vai ser um registro interessante para quando puder ler. E esse assunto sempre me emociona, porque afinal você é a coisa mais importante que já aconteceu na minha vida, juntinho com a sua mãe. Homenagens aqui são pouco, mas qualquer coisa que eu fizer para vocês vai ser pouco perto do quanto vocês fizeram e fazem por mim, só de existirem. Só sendo fofas. [/piadainterna] Você não sabe, mas há exatamente um ano nessa mesma hora, nesse mesmo minuto, nesse mesmo SEGUNDO (ok, vai, estou aproximando - não lembro o segundo), eu estava no trabalho terminando uma reunião quando meu celular tocou com a notícia mais felomenástica do mundo. Sabendo que você estava para chegar, pedi desculpas e atendi:

"Oi, Mô, estou terminando uma entrevista, posso ligar em 15 minutinhos?", disse eu sem perceber a aflição na voz dela. Tolinho. *

Não pode não, sua filha quer nascer." (detalhe que nessas horas, bebê, você é só minha filha viu?)

"..." emudeci por uns 3 ou 4 segundos que pareceram uma eternidade. O tempo parou. Meu coração fazia eco, latejando no peito. "Estou indo para casa," consegui dizer.

Pedi licença e encerrei a reunião, saindo quase correndo para o estacionamento. E quando dirigi para casa, o mundo parecia mover em câmera lenta. Eu só conseguia pensar em chegar em casa e ajudar sua mãe no que ela precisasse. Por sorte/destino/planejamento seus avós cariocas estavam por aqui também e já davam uma força. E como você sabe muito bem, nada como a mãe nessas horas, né? Mas gosto de achar que a minha presença era importante para sua mãe também. Enfim, cheguei em casa em míseros 18 minutos e aguardei na garagem sua mãe vencer a mais recente contração e recuperar a capacidade de andar. Pois é, meu amor, a coisa é dolorida assim mesmo. E você valeu cada contração da sua mãe, cada momento de tensão e pânico puro meu.

Nesse dia seu pai descobriu algo importante sobre ele próprio: sob pressão, ele é do tipo que age, não do tipo que trava (lembre-se disso quando chegar tarde da balada pela 1a vez, viu?). Sua mãe entrou no carro, seus avós também e partimos para o hospital mais próximo, aquele que é seu xará. Apesar do que sua avó provavelmente vai contar a vida inteira (oi, Rachel, tudo bem? :)), eu não quase atropelei ciclista nenhum. Apenas incentivei o rapaz a sair da frente mais rápido com uma pequena buzinada, mas para quem não estava dirigindo com certeza pareceu que seu papai estava doidão, dirigindo como um maníaco. Não é verdade. PARECIA isso, tenho certeza, mas eu estava pensando e agindo com maior clareza do que jamais tive. Sério. Pode acreditar no seu pai ou ir para o quarto de castigo. heheh

Chegamos ao hospital e aí tive meu primeiro lapso: o insano (por sua culpa, hein!) do seu pai abandonou o carro na recepção. Simplesmente saiu berrando "Parto! Parto!" até trazerem uma cadeira de rodas para pegar você e sua mãe e saiu seguindo o enfermeiro pelos corredores, deixando para trás carro (com a chave na ignição), vovô e vovó. Viu como você e a mamãe são importantes?

Passamos pelo que devem ter sido TODOS os corredores do hospital, quase os 42 km de uma maratona, e finalmente chegamos à área de parto. Onde a mulher disse para a gente "Calma" e onde era mais importante a carteirinha do plano médico (que, por óbvio, ficou com sua vó 37,5 km atrás de nós ainda) do que chamar alguém para atender sua mãe. Mas lidei com tudo isso também com graça e classe dignas da nobreza espanhola (alguém aí falou "inquisição"?) até que sua mãe fosse, finalmente, atendida. E aí viram que a coisa era para valer e chamaram os médicos. Eu não tinha dúvida, mas parece que muitas mulheres sentem contrações na etapa final da gravidez que não são as "de verdade" (doem de verdade, dizem), então o pessoal de hospital assume que qualquer uma que aparece na verdade se enquadra nessa categoria até prova em contrário. Deve ser melhor assim, mas para pais de primeira viagem é meio assustador.

Foram algumas horas de espera até finalmente o parto em si começar. Mas depois de começar... como foi rápido! (sua mãe certamente discordará dessa afirmação) Em 30, 40 minutinhos você saiu berrando da sua mãe, toda suja, escandalosa, inchada e LINDA. A coisa mais maravilhosa que eu já vi. Eu já te amava, mas ali me apaixonei de vez, perdidamente. A enfermeira levou você para a sua mãe só para uma foto rapidinha, que ela precisava descansar e você precisava ser limpa, medida e pesada. Eu sou muito sortudo e não precisei deixar o seu lado por um minuto - quer dizer, pelo menos até levarem você para o berçário. Acompanhei enquanto a enfermeira levou você para a sala ao lado, cortar direitinho e limpar o cordão umbilical, limpar você um pouquinho e te pesar. E você aos berros, chorando loucamente, sem entender nada do que estava acontecendo que você não estava mais no lugar quentinho e fechado onde passou os 9 meses anteriores.

Aí eu cheguei mais pertinho do seu ouvido, abaixei, e comecei a falar com você. Disse “Oi, filhinha! Eu sou o seu papai. Bem vinda ao mundo. A gente vai cuidar muito bem de você, te amar demais...” e fui falando tudo que as lágrimas permitiam, contando um monte de coisa que a gente ia fazer (algumas até já fez), quem a gente é, e sei lá, um monte de outras coisas que não lembro porque nessas horas a gente pensa com o peito e não com o cérebro. E aí aconteceu outra coisa mágica, que eu nunca vou esquecer (e estou chorando tudo de novo, emocionado tudo de novo, enquanto escrevo): logo que comecei a falar, você – que nem tinha aberto os olhos ainda – virou o rostinho para mim e começou a parar de chorar. Estava reconhecendo minha voz, será? E foi parando, parando, forçando os olhos, parando de chorar e, assim que parou completamente, abriu os olhos curiosos e viu seu papai pela primeira vez. Filha, é seu aniversário mas o maior presente do mundo foi esse seu para o seu velho. Nunca vou conseguir agradecer o suficiente por ele.

Eu te amo.

Papai


*editado porque já fui devidamente lembrado pela amável Cake que o diálogo ocorreu de maneira diferente da que escrevi. Nada como um cérebro de mulher nessas horas: ela estava PARINDO e lembra melhor que eu da conversa, powtaqueospa. O.o

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28/12/2010

Eu não acredito mais

Ok, sei que começar um texto assim nessa época do ano é uma feladaputice deliberada, mas juro não vou falar de criaturas mágicas ou do espírito natalino.Vou falar de voar. E não, também não envolve dorgas. ¬¬

Hoje pegamos (eu, mulher e a bebê mais linda do universo) um avião para o Rio de Janeiro, onde passaremos o ano novo. E uma atividade tão simples, assim de repente, evaporou minha crença, confiança, fé e principalmente qualquer resquício de obediência que o terrorismo das companhias aéreas tenta impor com seus “levantem as mesas, não fumem (ok, esse é bom continuar seguindo porque causar incêndio continua sendo problemático em um avião a 20 mil pés), apertem os cintos o piloto sumiu, assentos na posição vertical, desliguem os aparelhos eletrônicos, contraiam o esfíncter, inspirem pelo nariz e soltem pela boca e pisquem os olhos 12 vezes” e que fazem com que você queira assassinar (a pescotapa e croque) o pivete de 12 anos com boné para trás ouvindo New Kids on the Block em seu iPod Nano (New Kids mesmo, porque sou velho, falou? E iPod Nano porque sou velho mas sou meio geek, então de eletrônicos eu manjo). Ou Restart ou Luan Santana, vá lá, como me lembraram uns amigos aqui do Rio (tô por fora das modices, mal aê). Se bem que por esses dois últimos, pelo que me contaram, vale a bordoada só pelo gosto musical duvidoso. Mas divago.

O negócio é que na referida viagem estávamos para decolar, o piloto avisou para as Aeromoças assumirem as posições, e a infeliz atrás de mim escolheu essa hora para dar uma mijada. A aeromoça perguntou se ela poderia esperar 5 minutos, ao que ouviu a resposta negativa: “Ou vou agora, ou vou rebatizar o saquinho de vômito”. A aeromoça então, sem insistir uma vez sequer ou fazer qualquer cerimônia, simplesmente liberou o dábliucê. Sussurrou alguma coisa no ouvido da coroa (que imagino tenha sido algo como: “boa sorte” ou “segura na pia e tenta não se mijar nem molhar o banheiro inteiro”) e lá foi ela. E decolamos. Nada de “Sr. Piloto, aguarde um minuto que temos uma mijona por aqui”, ou de “Sinto muito minha senhora, segura ou passa a usar fralda geriátrica”. Nada. Ela foi, mijou, decolamos, ela se limpou e saiu numa boa. Vini, vidi, urini.

Porra, que moral tem agora essas regras para me impedir de reclinar e tirar um cochilo durante a decolagem, após 3 horas de atraso? Ou de jogar “angry birds” no meu celular (se eu tivesse um iPhone com angry birds, claro – no meu caso, jogar paciência, ou seja, ignora que não vou jogar nada e vou ler a revista de bordo)? Ou de ouvir música no celular, sem fone de ouvido igualquinembuzão? Ou até de usar a mesa para apoiar minhas palavras cruzadas? Nenhuma, respondo para vocês! NENHUMA! *bate na mesa*

Tirando o fato de que teoricamente eles podem me expulsar do vôo caso eu não faça o que eles mandam – puramente por capricho, como fica óbvio depois de testemunhar o causo acima, mas é a famosa “lei do pequeno poder”. Ou seja, estou reclamando de reclamão, porque não vou arriscar ser retirado do avião e perder a viagem. ¬¬

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12/12/2009

Ganhei!!

Eu raramente me inscrevo em concursos e sorteios, basicamente porque nunca ganho nada. Não sei se sou particularmente azarado.

Há algumas exceções a essa regra. E devo na verdade ser sortudo, porque são raríssimas exceções e mesmo assim EU GANHEI! Fui sorteado pela Clara Gomes, a genial autora de Bichinhos de Jardim, uma das melhores tiras de quadrinhos nacionais da atualidade. Nem sei porque estou descrevendo, eu sei que você conhece.


Estava eu aqui, aguardando ansiosamente o lançamento do livro para que minha cópia premiada fosse enviada e eu colocasse minhas mãos nessa preciosidade: o primeiro livro lançado dos Bichinhos, primeira edição, autografado. Isso ainda vai valer uma boa grana!! Mas não vou vender tão fácil (heheh). E finalmente chegou!



Caramelo e Joaninha de rolê na minha cozinha

Ok, na verdade chegou na quinta-feira mas não tinha tido tempo de postar. A vantagem é que, de lá para cá, já deu tempo de eu ler o livro quase inteiro e a qualidade é fantástica (do conteúdo era óbvio, estou falando aqui da qualidade gráfica também): o papel, o layout, o design. Tudo de primeira. Ok, babação de ovo é legal e tal, mas também quero fazer uma crítica construtiva*: acho que o espaço poderia ter sido melhor aproveitado. É um livro grande para apenas duas tiras por página, fiquei com a sensação de que tinha um espaço "sobrando", o que não é legal em tempos ecológicos. Mas sinceramente: sendo esse o único defeito do livro, é imperdível. E isso não é um post pago. Se comprarem o livro não ganho nada com isso, não tem link para o Submarino ou para a Saraiva
. Mas se comprarem, vão apoiar uma ótima e jovem artista nacional que ainda vai dar muito o que falar, e vão ter um livro bacana com humor inteligente. Tão esperando o que???

* Outro dia ouvi a definição perfeita de "crítica construtiva" x "crítica destrutiva": a primeira é a que você dá, a segunda é a que você recebe. Morri de rir, é a mais pura verdade!! ^_^
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08/12/2009

Sobre a humanidade escrota

Às vezes me perguntam por que é que eu sou tão calado por que sou tão cínico quanto a pessoas. Aproveitando para fazer um parênteses de que não sou apenas cínico mas absolutamente ODEIO gente, vou tentar responder. Começarei com um exemplo e em seguida chuto o balde extrapolo para um cenário maior, tenham paciência.

Cinco anos atrás eu estava em uma empresa e contrataram uma nova gerente. Eu trabalhava matricialmente pra ela (em consultoria é tudo matricial, cada projeto tem um time totalmente diferente). O negócio é que, antes de ir para a minha empresa, ela tinha o meu nível em uma concorrente, e foi contratada com uma promoção - mesmo assim, ou talvez justamente POR ISSO, era a criatura mais insegura do mundo. E aí sobrou pra mim, que sou cara de pau e intrometido de sobra: ela me pedia ajuda para tudo, desde escrever e-mails para ela (para chefes e até clientes) até liderar reuniões - claro, em que os chefes não estavam para ver que não era ela. Não reclamava porque a oportunidade de aprendizado nesse processo era enorme e fui exposto a coisas que só aconteceriam muito para a frente (o que resultou em promoções muito mais rápidas e cheguei a gerente já no ano seguinte, três anos antes do normal, recebi oferta de outra empresa dobrando meu salário e por aí vai). Sabe qual é o contato que tenho com essa pessoa hoje? Nenhum. E sabe o quanto ela é simpática quando entro em contato? Nada. E sabe qual a resposta dela quando eu peço uma ajuda simples (me apresentar na empresa dela)? "Não". CACETE, quando ela recebeu oferta da empresa anterior para voltar, com uma bela promoção,
eu escrevi o maldito e-mail de despedida dela! É mole? Alguém aí disse feladapowta mal agradecida? Imagina...

Tem tanta gente escrota no mundo, powta vida. Ainda bem que acredito em karma e não vou deixar de ajudar quem precisa, nunca esperei nada em troca mesmo (e por outro lado já tive muitos funcionários e chefes que se tornaram amigos, que pude ajudar e que me ajudaram). Mas tive que aprender a não me irritar com gente mal agradecida e isso é difícil, ou pelo menos foi difícil para mim. Fica a dica para o pessoal mais novo (ou
*cof, cof* menos vivido): não adianta nada se irritar com coisas assim. O velho ditado de que "o mundo dá voltas" é verdadeiro e mesmo que não fosse, são dois trabalhos: ficar puto e se acalmar. Melhor desencanar. Quem faz coisas assim não se importa com o que você sente, e quem se importa com você não faz esse tipo de coisa. E tostines vende mais porque é fresquinho.

É da natureza do ser humano ser individualista. Interesseiro. Egoísta. Querer levar vantagem. Não sabe funcionar em sociedade, não
de verdade. É por isso que o comunismo não tem como dar certo. Por isso que a política no Brasil é - e será ainda por muitos e muitos anos - reflexo direto do coronelismo. Por isso os EUA invade o Afeganistão, e por isso Israel e Paquistão (assim como a China e o Tibet) e o resto do mundo não conseguem brincar juntos. Adianta ficar puto? Que nada! Só há uma coisa a fazer:


Ligar o foda-se: uma solução inteligente.

Não muda porra nenhuma, é verdade, mas pelo menos você se sente melhor sabendo que faz a sua parte. Se ninguém mais fizer a dele, fodam-se. Viva o karma!


Mensagem carinhosa aos seres humanos. Há exceções, óbvio.
(elas sabem quem são)


Tá respondido?

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09/10/2009

Escolhendo a faculdade

Estava conversando com uma amiga que está se preparando para prestar vestibular e lembrei da minha época de alcoólatra estudante. E de alguns fatos nebulosos em meu passado, como quando me vesti de mulata pra desfilar pela viradouro inscrevi no vestibular pela primeira vez. Quem me conhece sabe (ou não) que eu fiz 2 anos de engenharia. Pois é, eu também não entendo por quê tem gente que faz essas coisas. É um ponto realmente marcante na vida de todo(a) jovem essa história de vestibular. Pois bem, fato é que sempre fui um cara que adora desenhar e escrever, que adora música, cinema, esportes, mulher – basicamente TUDO coisa que Engenheiro não gosta muito (qualé, entrar em uma faculdade onde você SABE que dos 60 alunos da sua sala aproximadamente 57 vão ser homens não é coisa de alguém que goste muito do doce, convenhamos). Mas tem um fator terrível, que até deveria vir em um novo post de confissão: meus pais são engenheiros. Sim, minha mãe também – se bem que eu até entendo uma mulher querer fazer engenharia: pô, imagina você entrar em uma faculdade onde, dos 60 alunos da sua sala, 57 vão ser HOMENS! Grande probabilidade de arranjar marido e nunca ter que fazer PN na vida (não foi o caso da minha mãe, que se ferrou e pegou um marido pobretão que nem ela e os dois tiveram que trabalhar a vida inteira)!

Pois bem, cheguei eu, um moleque bobo de 17 anos (diferente de hoje, que sou um homem bobo de 30), na agência do... powtz, sei lá, faz muito tempo. Acho que era Bradesco, mas não influencia na história. De qualquer modo, sempre gostei muito de psicologia, propaganda e desenho como carreiras. Também pensava em engenharia – basicamente porque eu pensava que, se não fizesse engenharia, iria morrer de fome e desempregado (influência dos meus pais??? IMAGINA! ). Quando cheguei na bendita agência do Bradesco (ou qualquer outro banco, pôrra!), pra resumir a história, eu tinha basicamente 2 cursos em mente, entre os quais não conseguia decidir. No auge dos meus velhíssimos 17 anos, tinha que tomar uma decisão que alteraria para sempre minha vida. Que definiria o que eu seria quando crescesse, as oportunidades que eu teria, a grana que teria, quem eu conheceria e vários outros “ias”.

Bom, tá, não é bem assim – mas na época eu achava que era. Mal sabia eu que FODA-SE: você pode mudar de curso, quase ninguém trabalha na área que se forma, etc. Mas na época eu não sabia de nada disso. Nem reparei a IMENSA fila andando (começava FORA DO BANCO). Só sei que, quando acordei, era minha vez. E o manual lá, em branco. Quis pagar; a mulher do caixa não deixou: “Só preenchido”. Olhei a fila: ainda estendia-se como uma serpente até o lado de fora do banco. Mas a tiazinha era legal e me deixou furar: “Olha só, pega essa caneta aqui. Isso. Vai ali do lado e preenche, aí volta aqui. Não precisa pegar fila de novo não.” Valeu TIA!!!, dizia meu tímido sorriso. Fui ao caixa ao lado (nota: porque é óbvio que, uma vez que tinha MUITA gente para ser atendida, tinha um – UM – caixa aberto! >.<) e o usei-o-o como mesa. Vamos lá, instruções: preencha os campos com letras de forma etc, etc. Fui lá: nome, endereço, data de nascimento... até relaxei, tava mó fácil! Se o vestibular fosse assim ia ser sopa!

Mas aí, quase no final da página, 3 campos para preencher o curso que eu queria. 1ª, 2ª e 3ª opções. Dentro da mesma área, então nem dava pra colocar as duas opções que eu tinha em mente. O que colocar? Pânico. Mordi a caneta. Fiquei com nojo, não era minha! Fiz careta e comecei a meio que cuspir. Limpei a boca com a manga da camiseta. Percebi que não tinha manga: estava de regata. Limpei na barra mesmo. Aí me veio a cena: eu, de regata furada, 8 filhos, num barraco jóia bem pertinho da marginal. Se não fizesse engenharia, claro. Preenchi correndo as opções: 1-Engenharia Mecatrônica; 2-Engenharia da Computação e 3-Engenharia de Produção. Voltei, entreguei a ficha para a tiazinha e paguei os 100 mangos.

E foi assim que, porque a tiazinha não aceitou o bagulho em branco, eu escolhi em 5 minutos minha “carreira”. Lógico que acabei desistindo - me formei em Propaganda e Marketing. E trabalho com RH. ;)

23/09/2009

Cultura bagaráleo II

Vez ou outra a gente aprende alguma coisa interessante nesse emprego. Antes falei de moda. Agora vou falar do quanto as pessoas podem ser influenciadas por empresas capitalistas. Na verdade, ia escrever um SENHOR texto sobre isso, usando de todo o meu lado socialista e humanista – praticamente uma dissertação de mestrado, doutorado, PhD ou algo do tipo. Mas como tô de saco cheio vou só citar rapidamente um fato curioso, interessante e, por que não dizer, meio ASSUSTADOR:

Lembram aquele chocolate que tentou emplacar no Brasil um tempo atrás, o tal de "Milka"? Fizeram um monte de propaganda na TV, mas não sacaram que a absoluta maior parte do povo brasileiro, ainda mais para "itens de luxo" (itens que não são essenciais para a vida – e mulheres, nem tentem espernear: chocolate não é essencial e pronto!) vai direto em PREÇO. E ficou um produto gostoso mas meio caro, com aquela embalagem roxa dele. Iiiiiisso, aquele da vaquinha mesmo (não, não essa). Pois é, essa marca é tão forte na Europa, mas tão forte, tão fodisticamente-poderosa-bagaráleo-não-tem-pra-ninguém-e-sai-da-frente-módafóca-senão-te-arrebento forte que em uma pesquisa na Alemanha, quando pediram para criancinhas pintarem uma vaquinha, SETE (isso, 7) de 10 (isso, DEZ) crianças – ou seja, pros incapacitados numericamente, 70% (POR CENTO) – pintavam a bendita vaquinha de ROXO.

É, roxo. O.o

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....QUE RAIOS DE VACAS ELES TÊM POR LÁ??? Isso significa que SETENTA (é, 70) POR CENTO (%) das crianças na Alemanha acreditam que as vacas são roxas. ROXAS! Que nem aquele imbecil do Barney ou um dos Teletubies (não o amarelo nem o verde nem o vermelho, o outro).

Tomei a liberdade, como FDP de plantão, de tirar algumas conclusões absolutamente desconectas da realidade:

1 - A doença da Vaca louca por lá é bem mais da hora, bródi.
2 - 70% das crianças alemãs consomem drogas
3 - As vacas alemãs não sabem que o movimento punk acabou faz tempo
4 - A população alemã é geneticamente defeituosa e 70% possui daltonismo grave
5 - Para os alemães, vaca = teletubie
6 - Vaca na Alemanha não conhece a lei Maria da Penha.


Sei lá, só estou pensando alto. Mas o dado é verdadeiro.
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