-- texto publicado no falido e falecido Good/Bad Trip, mas que gosto e acho que vale a reciclagem nesse blog aqui, que é só falido.
Ela olhou para todos ao redor da mesa e sorriu. Continua o relato de sua “odisséia”: um pequeno caso do dia a dia; que sua narrativa, porém, transformava em algo interessante e mágico. Todos àquela mesa estavam, deliciosa e inconscientemente na palma da sua mão.
Algumas pessoas têm mesmo essa capacidade. Vou citar um exemplo aqui, mas praticamente todos naquela listinha de links ao lado são extremamente talentosos nisso, mas vou citar o exemplo de alguém que é assim sem nem pensar. Mas antes quero mencionar um exemplo que não vem de blogs, porque afff, vamos combinar que isso cansa, né? Ficar muito preso a esse "mundo".
Outro dia, em um happy hour com alguns colegas da empresa, pude apreciar uma dessas pessoas contando um caso absolutamente ordinário e tornando-o tão interessante quanto um livro de Dan Brown, Agatha Christie ou Michael Crichton (ok, nacionalistas de plantão, podem me xingar à vontade – mas não leio um livro bom de autor nacional desde... sei lá, Monteiro Lobato*). Nada disso: apenas contava sobre como conseguiu comprar um ingresso para um rodeio. E não, ela não ganhou o ingresso de graça nem mesmo comprou o último ingresso disponível. Ela foi ao caixa, tirou a carteira, não aceitavam seu cartão de crédito, ela caçou alguns trocados e pagou com moedinhas. Simples assim! Mas a maneira como se conta algo é tão ou mais importante que o quê se conta. Esse caso ilustra perfeitamente o ponto. Todos ao redor da mesa, incluindo eu mesmo, rimos até doer a barriga.
Outra pessoa que conheço com esse dom é uma amiga metida a francesa. Ela também conta qualquer coisa como se estivesse narrando uma história. Apesar de apelar para o lado mais dramático das coisas, também torna tudo muito mais interessante. Uma rápida ida à locadora. Uma prova. Uma monografia. Uma barata no apartamento. Meu Deus, a bendita história da barata!! Parecia falar sobre uma aventura de Indiana Jones. E a maneira como ela conta a história faz com que os interlocutores sintam seu desespero, seu medo, a correria e o “perigo”. Quando inicialmente ouvi a história a barata já era grande (grande demais, aliás). Hoje ela deve ter o tamanho de um gato. E continuará crescendo!
Isso é surpreendente quando percebe-se que alguém faz isso sem o menor esforço. É simplesmente sua maneira de ser. Há tempos que escrevo e tento ser minimamente interessante, assim como milhões de outras pessoas, enquanto algumas têm tudo em si próprias. É maravilhoso. É assustador.
E eu morro de inveja!! ;)
*brincadeira, eu gostei muito de Xangô de Baker Street, do Jô Soares. Mas não gostei de Quem Matou Getúlio Vargas?, para ser sincero.
Um comentário:
Eu tenho problemas para contar histórias, principalmente escritas. Falar até eu me viro, mas na hora de escrever sai aquilo que vc sabe...
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