12/07/2009

Comparação brilhante

E falando no quanto ficaram sem graça as coisas que deveriam ser divertidas, lembrei que nessa viagem tive uma conversa meio que assustadora com um primo meu. Não vou entrar em detalhes, mas o cara tem 17 anos e a turma dele é um ano mais nova, e no celular ele tem foto de mais de metade (sem exagero) das meninas da turma peladas. Algumas, obviamente, sacanagem de namorados, mas a grande maioria enviada pelas próprias meninas. Algumas são BEM pesadas - aliás, o nível de putaria que rola me deixou com inveja que no meu tempo não era assim realmente triste. Sério mesmo. Não só com ele e a turma dele, mas porque me fez pensar na gente, na nossa geração. E aí bateu depressão geral.

Talvez vocês discordem mas eu sinto que nossa geração tem um vazio imenso que não sabe preencher. Porque na "balada" (powtaqueopariw, como odeio essa palavra) o que conta é pegar geral - ouço muito mais do que gostaria (mas, até aí, UMA VEZ já seria mais do que eu gostaria) o termo "catar", caráleos. Tipo "catar papel", "catar o lixo", "catar coquinho" - é a isso que fomos reduzidos?

Não é mais questão de se divertir e até de repente conhecer de verdade alguém e essa pessoa ser tão legal que você sabe que está beijando alguém especial: na sociedade de consumo, o que conta é ESCALA. Eu diria que o mínimo é lembrar o nome da pessoa depois, e perdi a conta das vezes que me contaram as aventuras sem ao menos lembrar o nome dos envolvidos (bom, pelo menos o PRÓPRIO nome lembravam! Talvez não na hora, mas quando contaram a história...).

Eu, pessoalmente, fiquei poucas vezes e na maioria delas com alguém com quem já existia um clima, um sentimento (e não, tesão não é sentimento. É uma sensação, seus ignóbeis), uma atração muito maior do que "é gostosa/bonitinha/facinha e hoje tô afins de beijar". Mas foi o suficiente para provar os dois lados da moeda e poder opinar (e mesmo que não fosse, tenho opinião sobre tudo mesmo).

Em uma comparação MAIS que brilhante (e que me deixou particularmente orgulhoso), para mim* beijar por beijar pode ser resumido exatamente assim:

Pensa no seu prato favorito (mulheres que tenham dificuldade em escolher um prato favorito é só pensar em chocolate), feito pelo seu restaurante favorito, ou pela mamãe/vovó. Pensou? Agora tenta lembrar da sua pior gripe, a que mais te derrubou e deixou você tão mal que você quase nem conseguia respirar, muito menos sentir gosto de nada.

Agora imagina comer seu prato favorito quando você está com essa gripe. Racionalmente você SABE que é gostoso, mas na verdade não está sentindo o gosto. Você até tira algum prazer da coisa, matou a fome, mas no fundo sabe que faltou algo e que se tivesse comido isopor dava na mesma (mas ainda por cima te adicionou calorias). É isso.

Beijar alguém com sentimento é algo verdadeiramente mágico, talvez o único resquício de magia que não tem como ser tomado de nós pelos tempos cientificistas atuais. Quando se encontra a pessoa da sua vida, então... aí dá para entender poesia. E acreditar em mágica.

Só para amarrar com o último post (e fazer outra comparação felomenal), nos tornamos "profissionais da balada". E como tudo que é profissional demais, acho extremamente sem graça.

* Muita atenção a esse pedaço importantíssimo de informação. Lembro a todos que opinião é como cu: cada um tem a sua, e quase sempre a dos outros é que não cheira bem.
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Um comentário:

Monicake disse...

O seu beijo é gostoso até qd eu tô 'gribada'! Ok, isso não ficou mt romântico... :)
Amo mais que peanut butter! (L)