16/09/2009

"Há que se transcender qualquer tipo de preconceito."

Disclaimer: Ok, quem me conhece deve estar pensando: "Ah não, mais um daqueles textos sérios chatos. Porra, cara, já nem gosto de você quando você está tentando ser engraçado." Pois é, é isso mesmo, texto sério. Se não quer ler, tchaubeijomeliga.

"Há que se transcender qualquer tipo de racismo."

Eu sempre penso nessa frase, que não sei se ouvi ou li em algum lugar ou se inventei. Mas soa bem. Entre ontem e hoje li dois textos (muito bacanas, então que fique claro que isso não é uma crítica aos textos em si. É uma proposta de um novo modelo mental) que abordam esse tema, de uma maneira ou de outra: um fala sobre cor, e outro sobre nacionalidade. E eu não consigo concordar com nenhum deles, apesar de entender o ponto de vista de suas autoras (e, em um dos casos, concordar que é um avanço). Vou dividir em dois posts para não matar ninguém de tédio, e vou começar com a questão do nacionalismo.

O negócio é que não consigo entender por que alguém tem orgulho de ser brasileiro. Ou americano. Ou inglês, liechtensteiniano (?), francês, nepalês, senegalês, transnístrio (ou pridnestróvio), chinês, uruguaio, tajiquistanês (??), alemão, vanuatu (???), espanhol, micronésio, mexicano, canadense, Tongalês ou qualquer merda. Na minha cabeça, a nacionalidade não nos define. Sem dúvida molda nossa personalidade (óbvio que não vou dizer que japoneses são tão calorosos ou que americanos são tão simpáticos quanto os brasileiros), mas ninguém conseguiu ainda me convencer de que americanos são melhores do que brasileiros, ou que brasileiros são melhores do que vanuatus, ou vice-versa nos dois casos.

Pessoas são pessoas, com tudo de bom e de ruim que isso implica (porque, como sabem, eu considero o ser humano uma abominação). Há seres que chegam ao cúmulo de se acharem superiores devido a CIDADE da onde vêm, meodeos. "Eu sou gaúcho", ou "Eu sou carioca", ou "Eu sou paulista" - todos que dizem isso estão na verdade dizendo para mim: "Eu sou estúpido. Eu sou tão limitado, tão infeliz e inseguro com minhas próprias conquistas que preciso valorizar a coincidência geográfica da loteria do meu nascimento."

Já foram feitos estudos científicos de que para erradicar a fome no mundo são necessários US$ 32 bilhões por ano. ERRADICAR. O PIB do Brasil sozinho é de US$ 2 TRILHÕES. 32 bi equivalem a exatamente 1,6% - UM VÍRGULA SEIS POR CENTO - de 2 trilhões. E isso é UM país. Por que isso não é feito? Eu realmente acho que, em parte, é por causa do nacionalismo: quando você não vê outras pessoas como parte da sua "família", da sua comunidade, por quê ajudar?

Acredito piamente que quando evoluirmos a ponto de pararmos de diferenciar as pessoas do mundo por conta de limites geográficos IMAGINÁRIOS, talvez todos (e isso inclui os governos) passem a ter maior compaixão pelas mazelas alheias e se ajudem mais.
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