28/03/2013

Reflexão

É engraçado como algumas coisas aparentemente nada a ver nos emocionam.

Por exemplo: recebi hoje um link para a eulogia ao Steve Jobs escrita por sua irmã. Ajuda que ela é uma escritora premiada e professora de literatura em duas das universidades de maior prestígio dos EUA (ou seja: sabe escrever <strike>diferentemente da maioria dos blogueiros</strike>), mas foi o conteúdo que acabou me hipnotizando. Fiquei praticamente catatônico olhando para o celular durante toda a leitura, enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Pensei em como serei lembrado quando morrer. Em como gostaria de ser lembrado, e o que faço para isso, ou o que deveria fazer. E mais do que isso, minha vida inteira passou diante de meus olhos, como se a reflexão dela sobre sua vida e seu relacionamento com o Jobs tivessem algo a ver com a minha vida, protegida e privilegiada (spoiler: não tem). O engraçado, e mais emocionante, foi que não vi apenas as coisas que já me aconteceram; vi coisas pelas quais passarei (ela fala da formatura do filho do Jobs, de viagens e encontros da família, etc), e com a doença dele, imaginei o que deve ser doloroso perder tudo isso, todos os momentos que virão.

Isso mexeu muito comigo. Eu acho que estou muito emotivo depois de ter filhos (sim, meu segundo, o pequeno, já chegou. E essa história merece ser contatada com muito mais calma e cuidado do que esta), muito mais do que me permiti ser a vida inteira. Após algumas decepções, eu nunca mais chorei dos 12 aos 31 anos, quando nasceu minha filha. Desde então choro quase todos os dias, de emoção de tê-la na minha vida, da família que eu e a Monicake montamos, do sorriso que ela dá quando me vê, e de correr o apartamento inteiro para me dar um abraço quando chego em casa. De ouvir "papai". Não existe nada mais lindo para mim do que ser chamado de "papai" (e filha, se um dia ler isso, acate um pedido: nunca, nunca, nunca pare). Mas o fato é que uma vida bem vivida, meus amigos, seja morrendo aos 40 ou aos 100, ser querido de verdade pelas pessoas e deixar um legado é tudo que podemos esperar.

Espero que eu deixe.

Para quem quiser ler a belíssima eulogia de Mona Simpson para o irmão (em inglês), o link é esse: http://www.nytimes.com/2011/10/30/opinion/mona-simpsons-eulogy-for-steve-jobs.html?pagewanted=1&_r=0

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