Tá, eu sei que é clichê postar mensagem para o Papai Noel nessa época do ano, mas tive um flashback. Lembrei da cartinha mais emocionante que li na vida. Foi quando fazia, junto com uns amigos do colégio, uma parada tipo "doutores da alegria" (a maioria se vestia de palhaço. Eu achava redundante, considerando minha noção - ou melhor, falta de - de moda, então ia normal).
Enfim, íamos à ala de câncer infantil de um hospital, brincar e dar uma animada da molekada. Era 1997, e depois de algumas horas brincando, me afastei um pouco e comecei a ler algumas das cartinhas de natal que as enfermeiras ou médicos haviam pedido a eles que escrevessem, contando o que queriam. Vários "Papai Noel, fui bonzinho, quero um carrinho"; "Papai Noel, fui boazinha, quero uma boneca"; e por aí vai, todas muito bonitinhas e normais.
Até eu chegar perto da cama de um dos carekinhas, um moleke de 7 anos, o Mateus, e ler a carta dele. Os 11 anos que passaram desde então já apagaram da memória os vários erros bonitinhos de português e as palavras exatas, mas o resumo da ópera nunca saiu da minha cabeça. Lembro que Mateus escrevia bem certinho (claro que não tanto quanto um cara de 29 anos, então peço desculpas por deixar a carta tão... adulta), e que a carta me pareceu bem madura para a idade - mas até aí, ele aos 7 já tinha passado por muito mais coisa que eu aos 18. E dizia o seguinte:
"Papai Noel, o que eu quero mesmo é ver você e dar um abração e dizer obrigado. Todo mundo disse que eu não ia ver o natal desse ano, mas eu falei pra mamãe e pro papai que eu ia, porque eu pedi pra você e me comportei o ano todo. Tomei TODOS os remédios direitinho, até os ruins.
Se não der pra vir, tudo bem. Você já me deixou muito feliz. Obrigado!
Beijo do Mateus"
Cara, eu não chorava desde que tinha 8 ou 9 anos, mas quando eu li essa carta eu chorei. Muito (tinha mais impacto escrito pela própria criança, com lápis de cor e letrinha feia. Vai por mim). Enfim, contei para o resto do pessoal e fizemos uma vaquinha para contratar um Papai Noel para visitar o hospital no dia 24 (ninguém queria arriscar ser reconhecido e estragar a brincadeira). Foi duca ver as carinhas deles enquanto conversavam com o "Papai Noel" - um daqueles raros momentos de sublime pureza.
Foi também o último dia que consegui ser um dos genéricos dos Doutores da Alegria. Mateus morreu algumas semanas depois, antes de eu voltar de férias, e eu simplesmente não tinha mais clima para animar ninguém. Mas Mateus ficou muito feliz naquele natal, e eu nunca vou esquecer dele.
Hohoho...
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4 comentários:
Que gesto lindo o de vocês!
Nossa, que lindo Rod!
Meus parabéns pela iniciativa.
Beijos e sucesso!!!
Lendo a reprodução da carta que vc fez já emociona sim. Imagino ler a escrita pelas mãos do moleque. Eu que sou um chorão de carteirinha não iria e segurar.
Eca, até eu chorei! Confesse que o sorriso de uma criança é mais que tudo no mundo! :)
Beijoka e volte a ser o doutor que traz alegrias. Tem vocação. :)
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