03/05/2020

Chuva

O poeta choveu palavras
de suas pesadas nuvens de papel.
Cada gota carregando um lamento,
um amor,
um pesar,
uma alegria,
um sonho,
desejos,
que nunca existiram
E que existiram tanto

Chovia poesia
descarregando suas dores
e molhando a todos que caminham,
desavisados,
por suas linhas.
Encharcando seus cabelos,
suas roupas,
escorrendo por seus rostos,
por seus olhos,
por seus dedos.

Clarões furiosos,
de relâmpagos em sua pena,
cortando o espaço entre os versos,
lampejando a escuridão em suas mentes.
Um sobressalto efêmero tão belo
de descarga elétrica
entre céu e terra
versos e leitor.

E após sua tempestade
clareia o céu
e o escritor caminha mais leve
sentindo o sol,
as estrelas
e o cheiro de grama molhada...

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