26/09/2008

Pau (pra toda obra)

Me escreveu uma ex-estagiária hoje, ela está em outra empresa e veio pedir uns conselhos. Tentei ajudar, mas ela sofre da "Síndrome do Talento", qual seja (grande Lilhá! \o/) uma absurda ansiedade e inquietação profissional. Com a condição ainda mais grave de não ser moleke e não saber ainda o que quer fazer da vida. É foda, não vou mentir. Pouquíssima gente sabe exatamente o que quer, e eu não sou uma delas.

Acho que uma coisa que deixou essa minha miguxinha profissional menos apreensiva foi descobrir que, porra, é normal não saber o que quer e EXISTE uma maneira de descobrir. Ninguém conta pra gente, quando somos jovens, que a gente pode falhar, mudar de idéia e começar de novo do zero - que nunca é do zero de verdade, já que a experiência sempre ajuda a amadurecer. Resolvi contar para ela um pouquinho da minha confusa auto-descoberta e por falta de assunto melhor achei que daria um post sério - raridade por aqui - bem legal, ou pelo menos útil.

Eu fiz engenharia. [/confissões_traumáticas] Aliás, fiz duas: Mecatrônica e Elétrica. Um ano de cada antes de migrar para Propaganda e Marketing, no que me formei. Eu tava perdidaço, para descobrir esse possível caminho precisei fazer orientação vocacional - e sim, achei que me ajudou muito. No mínimo, o aval profissional ajudou a convencer meus pais, que são caretas de tudo, de que não era o fim do mundo eu não ser advogado, médico ou engenheiro. Claro que o risco foi grande: havia o medo constante de ser internado, afinal sou completamente doente, mas no fim a psicóloga não percebeu isso, acho que estava entretida demais com minhas loucuras carreirísticas. Isso tudo eu falei para ela, até para que visse que existe caso muito pior do que o dela.

A história continua com um breve relato do meu forçado início de escravidão:

Tinha começado a trabalhar aos 17, porque queria um pouco de independência financeira dos meus pais [/rebelde_ridículo] e meu pai tinha perdido o emprego uns anos antes e a coisa estava preta lá em casa. Então fiz a única coisa que eu sabia fazer e que tinha gente disposta a pagar alguma coisa: sexo! falar inglês. Dei aula por uns 5 ou 6 anos, fiz traduções e versões de textos e até traduções simultâneas. Gosto tanto que até hoje faço umas traduções, se aparecem, mas infelizmente não tenho mais tempo para dar aula. Um dia eu volto. Enfim, comecei cedo, mas os desencontros acadêmicos fizeram com que eu entrasse na carreira de verdade (que meus amigos professores não leiam essa frase, porque VÃO entender errado) um pouco tarde: meus colegas de faculdade, quando começamos a procurar estágio, tinham 19 para 20 anos, contra 23 meus. E lá fui eu, de professor para marketeiro.

Aliás, tem poucas áreas em que eu não trabalhei. Já dei aula de desenho também. Já trabalhei em estúdio de arte, com storyboards e ilustrações. Já fui de vendas, em empresa química. E de marketing. E de logística. E de compras. E de RH. Em empresa farmacêutica também. Já fiquei fazendo folhetos e diagramação para empresa pequena em troca de umas moedas pra cervejinha. E fiz alguns logotipos, em troca de uma boa grana. Já compus e vendi drogas a alma músicas também.

Além disso trabalhei em agência de propaganda. E hoje estou em consultoria de RH. Aconteceu meio sem querer, nessas de "deixa eu experimentar isso aí e ver no que dá". E deu. Me apaixonei pela área. Foi a primeira vez na vida (tirando desenhar quadrinhos, qualquer dia eu conto) que eu trabalhava em algo e pensei: "PQP, isso é muito duca! Quero mais!" É isso que a gente deve buscar. Eu rodei para caramba, fiz coisa pra caramba, até chegar onde estou hoje. Mas cheguei, e estou bem contento.

As empresas em que eu trabalhei eram muito grandes, mas até aí grandes bosta. Os últimos dois anos passei em uma empresa nacional e pequena, e aprendi MUITO. Não se apeguem a isso, pessoas novinhas que estão começando e eventualmente lerem isso aqui. O mais importante é saber o QUE gosta de fazer, o ONDE vem depois. E, pra isso, Sério, confiem em mim que se o Pitta não fizer um bom governo, nunca mais me candidato. Sei lá, espero que ajude alguém por aí, ou faça alguém rir, pelo menos! ;P

7 comentários:

Anne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

:D hahahaha

Anônimo disse...

Acho que estou no caminho então...

Ass : Nina

Unknown disse...

Bela dica!

Anônimo disse...

Eu já sei o que quero da vida e nem tenho dúvidas: Quero ser milionário.

Mas enquanto não consigo vou me virando com outras coisas mesmo.

Lara disse...

Tá certíssimo! Sem meter as caras a gente nunca saberá o que quer e pode fazer...Comigo tb foi assim. Bjos!

Mondo Gatto disse...

Eu comecei a trabalhar com 16, ridícula também, queria dinheiro para ir pro cinema! rsrs
Já fui e voltei em grandes e pequenas empresas. Voltei prá grande... em marketing não dá prá trabalhar em empresa pequena, o povo não entende prá que serve. Melhor ficar nas grandonas mesmos e sofrer a pressão!