22/10/2015

Desabafo

Se alguém me perguntar qual foi a maior decepção da minha vida, posso dizer que foi, sem dúvida alguma, um "ex-tio" meu.

Porque eu amei esse cara como a um pai. Durante muito tempo quis ser como ele, quis agradá-lo, impressioná-lo - mais a ele até que ao meu pai de verdade. Foram quase 30 anos de amizade, de carinho, de admiração. Recíprocas. Sei que fui quase um filho para ele também durante esse tempo todo. Sem as barreiras e cabos de guerra de uma relação pai e filho, isso se tornou uma amizade ainda maior. Durante muito tempo, foi para mim a definição de família.

Nunca imaginei que a separação dele da minha tia fosse ter o impacto que teve de afastá-lo tanto. Quando nasci ele já era meu tio,  então nunca pensei em temos de "sangue". Era meu tio e pronto. E foi essa minha decepção. Porque hoje ele não é nada. Há quase 6 anos que não aparece. Foi na maternidade quando nasceu minha filha e nunca mais. Furou em vários convites para nos visitar depois disso. Nem conhece meu filho.

Um fraco. Caso tenha se deixado afastar pela dificuldade da separação, a reação da família, sem falar comigo, é um fraco idiota. Se foi porque está saindo com minha ex-mulher (sim, tem essa também, minha vida em algum momento virou roteiro de novela mexicana ruim) e ficou com receio da minha reação, de novo sem falar comigo, é um fraco mais idiota ainda. E, pior de tudo, se foi porque minha ex QUIS que ele cortasse relações e ele ACEITOU, é além de tudo um completo covarde.

Odeio admitir isso porque tanto dele faz parte de quem eu sou. Do meu gosto musical à minha maneira de ver o mundo, fui muito influenciado por ele. E me dá raiva pensar no que isso significa. Mas vou resolver isso comigo mesmo, afinal SEI que influência, no fim das contas, não quer dizer nada: cada um escreve sua própria história. E também sei que é tarde demais para confrontá-lo com isso, e nem saberia encontrá-lo se quisesse. Mas faz bem desabafar e perceber o quanto a admiração virou desprezo, e mais ainda: o quanto podemos continuar em frente, não importa quantas vezes (ou quão seriamente) nosso coração é partido.

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