Tem coisas que acontecem e nem a imaginação supera. Sem brincadeira. Lembrei de uma história que toda vez que conto, tenho que jurar que não é mentira. E não é mesmo, se não deu pra entender.
Nos idos de 1989/90, fui passar um feriado na casa de um amigo. Já era "da casa" (e lá ninguém faz muita cerimônia mesmo com quem não é), então ninguém pensou duas vezes em me levar junto quando ficamos sabendo que um amigo do "tio" - interessante como todo mundo é tio da gente nessa faixa etária, nénão? - tinha falecido. Situação chata, mas meu amigo, seu irmão, sua irmãzinha e eu estávamos lá e não tinha onde deixar a gente em tão curto prazo, com o velório já rolando. Fazeroquê: leva junto os quatro pentelhinhos.
No carro, pergunta preocupante:
tio: "Como é mesmo que a gente fala quando morre alguém?"
Eu (sabichão metidinho desde cedo): "Meus pêsames, tio!"
tio *repete baixinho*: "Meus pêsames. Meus pêsames. Boa tarde, senhora, meus pêsames."
A gente riu (o jeito dele era, e ainda é, engraçadíssimo), mas mal sabíamos o que viria depois. Quando a gente chegou, com aliás toda a molecada vestida super apropriadamente para a situação: bermuda e camiseta, boné pra trás, aquela coisa, tinha aquela fila básica para cumprimentar os familiares. Tio e tia na fila e nós quatro seguindo, como bons filhotinhos de pato. O tio volta e meia repetia o mantra do carro, e toda vez eu e o resto dos moleques tentávamos porcamente segurar o riso - o que fazia com que eles levassem tapas (discretos) na cabeça (heheh, nada como ser visita).
Eis que chega a vez do tio e da tia. E aí ele estende a mão e pânico: trava por um segundo. Mas só um segundo: caradepau como só ele, nem titubeou - foi chacoalhando a mão de um por um e dizendo solene: "Meus parabéns", "Parabéns", "Meus parabéns"...
Foi lindo...
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Um comentário:
Mentira que ele deu parabéns pra viúva??? Bom, mas dependendo do defunto até pode ser o caso né?
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