18/06/2009

A coisa mais estúpida que já fiz na vida

Essa história vem com um aviso já no começo: crianças, não tentem fazer isso em casa. Aliás, não tentem fazer isso em lugar algum. Aliás, não é só para as crianças: ninguém faça isso jamais!!! Eu não teria feito, se soubesse o que fiz e o que pensei em fazer e o que não foi e o que poderia ter acontecido (hein?). Mas enfim, divago.

Eu sou um cara muito paciente, mas - e só sabe isso quem me conhece muito bem e há muito tempo (ou quem ler isso aqui, à partir de hoje) - o negócio é que uma vez que eu perco a paciência eu perco a noção. E lá pra 1998 eu estava feliz, contente e pimpão, estudando Engenharia de Controle e Automação na UNICAMP, morando em Campinas e tudo – tá bom, já sei que vão vir MILHÕES de piadinhas com esse negócio de eu ter feito engenharia... heheh Tá, antes que perguntem acabei não dando pra ninguém, fiquei com medo – vai que eu gosto! Então até hoje sou um mero e comum heterossexual. Mas divago de novo (pra variar).


Uma noite voltava eu da casa da namorada da época (e já tinha sido daqueles dias em que dá tudo errado, saca? Bati o dedinho do pé, queimei a torrada, não dei para nem comi ninguém...), completamente emputecido depois de uma mega-briga com a dita cuja. E o que eu sempre faço quando estou nesse estado? Cagada! E como o destino tem um senso de humor desgraçado, é claro que providenciou para que eu me deparasse com a situação mais perigosa (e mais IMBECIL) possível.

Quando subia uma avenida (uma baita ladeira, na verdade), qual não foi minha surpresa quando meus faróis (ah, é! Já tinha mencionado que eram umas 3 da manhã? Pois é, era) iluminaram dois meliantes metros acima chutando algo no chão, que imaginei ser um saco de lixo. QUASE acertei. Conforme cheguei mais perto (e era devagar, porque nessa época eu tinha um Golzinho mil daqueles quadrados, ano 92! Ouié! Catava tudo as mina!) vi que estavam chutando um saco – o saco de um cara! Como não é exatamente isso que a gente espera ver de homem batendo em homem em Campinas, chamou a atenção. Aí caiu a ficha: eles estava assaltando o cara. Não era nenhum tipo de tara ou perversão maluca não! Liguei o farol alto para ver se assustava os perigosos indivíduos e eles deixavam o cara em paz. Ignoraram. Desviaram o olhar por um micro-nano-segundo, se isso. Não me conformei. Pensei em fazer o retorno e passar de novo, buzinando. Pensei em mil coisas, na verdade. E fiz a que provavelmente era a mais monumentalmente estúpida delas: parei o carro um pouco mais para cima, tranquei (pô, também não vou deixar aquele BÓLIDO desprotegido, né?) desci e corri em direção aos caras (flashback instantâneo de quando eu quebrei o nariz mas não lembro). Passei mentalmente todos os fatos que observei enquanto joguei a luz alta que eles ignoraram, e não conseguia lembrar de ter visto nenhuma arma.

Pára tudo.

Não lembrava de ter visto nenhuma arma.

O que significa, na melhor das hipóteses, que talvez eles não estivessem armados. Pra vocês verem a importância do autocontrole: a falta dele acarreta em ações idióticas.

Interrompemos nossa programação para um aviso importante:

Meninos e meninas, não dirijam veículos automotores ou maquinário pesado sob a influência de falta de autocontrole.
Obrigado.

Mas fiz exatamente o que vocês a essa altura deduziram (ou então vão ser burros assim lá longe). Fui pra cima deles com tudo, aproveitando que eu estava mais pra cima e tinha uma pequena vantagem: cheguei no embalo, pulando com os pés nas costas de um deles. Esse primeiro cara nem viu o que o atingiu e foi rolando/voando pra longe, e eu já caí preparado para pegar o segundo. No chão, um tiozinho meio careca mal se mexia. O segundo olhou pra mim com cara de surpresa e ódio. Gente, vocês acham que já viram ódio, até que já odiaram, mas vou te contar: acho que pouca gente realmente viu ódio de verdade, como eu vi na cara daquele cara (mas que bela frase, não?). E aí eu reparei que ele estava com um cano de ferro na mão (e ainda tem gente que fica surpresa quando eu digo que não acredito em deus!). Enfim, o cara errou o primeiro golpe e levou uma na boca que deve ter quebrado um dente. E também cortou minha mão, mas isso eu só percebi depois. Aliás, beeeeeeeeem depois. Porque a essa altura o primeiro já tinha levantado e tava vindo pra cima de mim. Ele tinha um pedaço de pau na mão; e não, não estou falando o tipo de pau que vocês tão pensando, seus tarados. E toda sorte tem limite, né? Levei uma paulada nas costas. Em Campinas. Foi um momento mágico, por 2 segundos vi bolinhas roxas e pretas flutuando à minha frente (é gente, paulada nas costas faz ver bola roxa! Vivendo e aprendendo! Achei que só se vissem bolas roxas quando levassem paulada na CARA. tum-dum pshhh).

Ah, esqueci de contar (caráleo esse texto tá ficando gigante...). Eu treinei karatê por algum tempo (acho que uns 6 ou 7 anos) e era até meio mais ou menos na bagaça. O bastante para chegar até a faixa preta. Nunca uso pra porra nenhuma, sempre separei mais brigas do que briguei, mas isso não significa que eu não saiba brigar, tcherrrrto? Pois é, e naquela hora eu parecia me sentia o Van Damme! E na época de glória, não quando ele ficou de pau duro pra Gretchen (não, fala sério! O que é aquilo!!! Já disse antes: a Gretchen é a versão feminina do Alice Cooper!!!).

Já que todo mundo deve estar de saco cheio a essa altura, vou pular os detalhes (mesmo porque não vou lembrar de tudo mesmo) e ir pros finalmente: eu apanhei, e eles apanharam mais. A certa altura, com narizes e dentes quebrados, os dois decidiram que o tiozinho (que àquela altura eu achei que ia estar longe, mas continuava ali no chão estrebuchando) não valia o esforço e deram o pinote.

Eu ainda fui ajudar o tiozinho a levantar, e ele contou que estavam tentando roubar o relógio dele (!!!) Enfim, como não se discute com loucos nem com moribundos (e podia ser qualquer um dos casos), deixei quieto o fato de que o tiozinho tava usando um "G-shock" (ou qualquer merda do tipo, vocês não vão querer que eu lembre esse nível de detalhe, convenhamos! Só lembro claramente que não era um Rolex, Patek Philippe ou algo do tipo) e perguntei se ele queria uma carona – que ele dispensou dizendo que morava ali perto. Eu falei pra ele ir então, e o tiozinho foi capengando a 0,0005 km/h. Aí eu gritei pra ele deixar de ser trouxa e ir logo que os caras poderiam voltar (ou talvez eu tenha sido UM POUQUINHO menos polido) e o tiozinho finalmente resolveu correr pra casa. Hoje acho a cena engraçada. 30 segundos antes ele tava no chão que mal se mexia. Acho que ele não queria era ajudar na briga, isso sim. Vagabundo.

PS: E esse é sem dúvida o texto com mais duplos sentidos pseudo-sexuais sem graça que já escrevi na vida, sem sombra de dúvida.
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3 comentários:

Dani Vitrolinha disse...

kkkkkkkkkk figuraça vc Ro, adoro tuas histórias da vida real, to aqui vendo nosso spaulo.. zero a zero ainda, haja coração. beijoca.

ANNE KARINE DE LIMA disse...

É muito mais divertido do que qualquer programa humorístico.
E o melhor é que são fatos reais...


AdoOro isto aqui! ^^

Angela Natel disse...

Que situação cômica! Com certeza o texto mais engraçado que já li em seu blog.